A Copa do Mundo de 2010, disputada na África do Sul, teve dois grandes protagonistas. Em campo, a seleção espanhola, dos craques Xavi, Iniesta e Sergio Ramos, encantou o mundo com seu futebol rápido e baseado no toque de bola e na objetividade. Fora das quatro linhas, quem roubou a cena foi a vuvuzela, uma espécie de corneta feita de plástico e que emitia apenas uma nota: si bemol. O instrumento musical – se é que podemos chamar o som ruidoso e quase enlouquecedor de música – caiu nas graças da torcida africana e se tornou um dos símbolos do evento, ainda que não tenha feito parte de nenhuma ação de marketing dos organizadores do campeonato. 

 

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Britto Jr., CEO da The MarketingStore: ”Vamos lançar

um novo jeito de torcer, muito mais musical”

 

O Brasil, palco da próxima Copa, em 2014, já escolheu o instrumento que dará o ritmo da torcida nos jogos. Trata-se da caxirola, uma espécie de chocalho criada pelo músico baiano Carlinhos Brown, inspirada no caxixi, tradicional instrumento de percussão utilizado na capoeira. Além de animar a torcida, a caxirola promete embalar os negócios da The Marketing Store (TMS), empresa americana especializada na fabricação de brindes, que detém os direitos exclusivos de produção e comercialização do chocalho. “Esperamos produzir 50 milhões de unidades”, afirma Britto Jr., CEO da companhia no Brasil. “Vamos inaugurar um novo jeito de torcer, muito mais musical.” 

 

O preço ainda não está definido, mas, segundo Britto Jr., o instrumento deve ser vendido por algo entre R$ 15 e R$ 20. Brown e os americanos dividirão os lucros. A TMS, que tem entre seus clientes o McDonald’s, restaurante oficial da Copa do Mundo, também busca fechar parcerias com outros patrocinadores da Copa para que a caxirola seja distribuída gratuitamente aos torcedores. Nessa tarefa, a empresa conta com um grande trunfo: seu produto será o único instrumento musical permitido nos estádios. A Fifa, entidade que comanda o futebol, decidiu controlar o uso de cornetas e tambores nos jogos, depois que alguns jogadores e as emissoras de tevê reclamaram do barulho das vuvuzelas. 

 

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Torcida do barulho: a vuvuzela caiu nas graças dos torcedores

e foi uma das estrelas da Copa da África em 2010 

 

Estudos feitos na época, segundo a emissora britânica BBC, atestam que o volume da vuvuzela pode chegar a 127 decibéis. Isso é mais alto do que o barulho de uma serra elétrica (100 dB). “Para muita gente, a vuvuzela é barulhenta, mas a verdade é que ninguém esquece”, afirmou Carlinhos Brown, ao apresentar sua criação, no final do ano passado. “Esse ritmo tinha de continuar. Por isso criei a caxirola, mais silenciosa.” Para conseguirem que o chocalho fosse liberado pela Fifa, Brown e a TMS incluíram o projeto no Plano de Promoção do Brasil para a Copa. A iniciativa, do Ministério do Esporte, selecionou 96 projetos que receberam apoio financeiro do governo federal ou apenas a chancela dos organizadores da Copa do Mundo – caso da caxirola. 

 

O produto será fabricado em São Paulo. O plástico utilizado, produzido à base de garrafas pet, será fornecido pela Braskem. A estreia da caxirola está prevista para o dia 28 de abril, em um evento na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA), um dos 12 estádios da Copa. Brown promete ensinar como tirar notas musicais do instrumento e até como executar o Hino Nacional com o chocalho. O grande momento da caxirola, no entanto, deve ocorrer durante a tradicional “ola”, quando a torcida, ao se levantar de forma sincronizada, promove um efeito de onda nas arquibancadas. “Vamos promover a primeira ‘ola’ musical da história”, afirma Britto Jr. Se for para comemorar as vitórias do Brasil, melhor. 

 

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