Os números do balanço são animadores. O faturamento de 2010 foi de R$ 204 milhões, um crescimento de 16,9% em relação a 2009. A última linha do balanço mostra uma rentabilidade patrimonial de cerca de 6%. Não é uma goleada, mas está acima da média do setor, que vem mostrando apenas prejuízos no placar. Há alguns problemas, como uma dívida elevada com o Fisco. 

“Se esses números fossem de uma empresa aberta, suas ações seriam recomendadas, sim, mas só para os investidores dispostos a apostar em companhias bastante alavancadas”, diz o consultor de investimentos independente Raphael Cordeiro, curitibano e torcedor do Atlético Paranaense. Os números que Cordeiro está analisando constam da demonstração de resultados do Corinthians, divulgados na quarta-feira 4. “O caixa pode ficar um pouco apertado devido aos impostos atrasados”, diz Cordeiro.

 

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A divulgação dos resultados do time mais popular de São Paulo ocorre pelo terceiro ano consecutivo. “Publicar os números mostra nosso compromisso com a transparência”, diz Luís Paulo Rosenberg, vice-presidente de marketing do Corinthians. “Podemos ser loucos no campo e na torcida, mas nossa gestão financeira tem regras claras de governança.” 

 

Segundo Rosenberg, a publicação visa facilitar as negociações com parceiros. O Corinthians tem planos de  construir uma arena para shows no Parque São Jorge, e busca patrocínios. O direito de no-mear o futuro estádio na zona leste da capital paulista também está à venda. “Números abertos descomplicam as negociações”, diz ele. 

 

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Rosenberg: emoção influencia a tomada de decisões 

 

Abrir capital, a exemplo de clubes como o Barcelona, da Espanha, não está nos planos. Pelo menos enquanto prevalecer uma visão amadorística entre a cartolagem. “A gestão de um clube é diferente da de uma empresa”, diz Rosenberg. De acordo com ele, os dirigentes de clubes tomam decisões que decorrem de uma abordagem emocional. 

 

“Podemos pagar caro por um jogador que vai garantir a participação na Libertadores e se aposentar no ano seguinte”, diz ele. “É uma decisão que a torcida aplaude, mas os acionistas vaiam.” Assim, ver o Corinthians na bolsa vai exigir que a torcida seja muito, mas muito fiel.