16/05/2012 - 21:00
Para os dez mil atletas que vão participar da Olimpíada de Londres, as disputas vão começar no dia 27 de julho, quando a pira olímpica for acesa na capital britânica. No mundo dos negócios, no entanto, a competição pega fogo de verdade dois anos antes de qualquer movimentação nas quadras, pistas ou piscinas. A batalha, nesse caso, se dá em torno do desenvolvimento de equipamentos esportivos e da briga pelas melhores cotas de patrocínio do evento, dos comitês, das federações e dos atletas. “Nossa Olimpíada termina exatamente no momento em que começam os jogos”, diz Mário Andrada, diretor de comunicação da Nike para a América Latina. Tanta obstinação tem motivo.
Ginástica: o atleta Louis Smith em exibição no evento de lançamento dos uniformes britânicos.
Os Jogos Olímpicos têm um potencial de exposição bilionário. Estima-se que, por conta do evento, cinco milhões de pessoas visitarão Londres e que a audiência de tevê seja superior a 4,3 bilhões de expectadores. “É a hora de toda a indústria do esporte mostrar o que tem na manga”, diz Andrada. O evento é uma grande plataforma de marketing para o mercado de artigos esportivos, que em 2010 movimentou US$ 315 bilhões. Entre os anos de 2009 a 2012, o Comitê Olímpico Internacional faturou US$ 957 milhões com publicidade dos Jogos de Londres e da Olimpíada de Inverno de 2010, em Vancouver, no Canadá. As grifes de roupas esportivas estão entre as principais participantes desse embate. Para elas, o que torna a competição ainda mais interessante é a possibilidade de atrelar suas novidades aos melhores atletas do mundo.
É um atrativo que conquista até grifes voltadas para o requinte. Entre elas a Ralph Lauren, que vestirá os atletas americanos quando não estiverem competindo. A Emporio Armani também desenhará os uniformes da delegação da Itália. E a Prada fechou acordo para fornecer as roupas dos velejadores italianos. O fornecimento dos uniformes para os comitês, inclusive, é uma das competições mais acirradas entre as empresas. “É a maior vitrine do mundo”, afirma Roberto Porto de Araújo, gerente da divisão de esportes da Adidas. Como patrocinadora oficial dos Jogos, a marca alemã executa uma política agressiva de marketing. Em Londres, além de vestir toda a equipe de voluntários que trabalharão na organização, também firmou contratos com os comitês da França, Alemanha, Austrália, Cuba, Bélgica, Etiópia, Trinidad e Tobago, Hungria, Grécia, Bahamas e Grã-Bretanha.
Moda olímpica: a estilista Stella McCartney com os atletas
Phillips Idowu e Jessica Ennis.
Essa última, aliás, competirá pela primeira vez como Reino Unido e tem seus uniformes assinados pela badalada estilista inglesa Stella McCartney, filha de Paul McCartney. “Nosso objetivo foi aliar elegância e desempenho”, diz Araújo. Segundo ele, todos os uniforme são inspirados na cultura de cada país. A alusão à cultura local, no entanto, não garante a boa aceitação do público. Na Espanha, por exemplo, os modelos geraram polêmica. O uniforme masculino lembra roupas de toureiro, enquanto o feminino faz referência às roupas de comissárias de bordo. O assunto ganhou ainda mais repercussão por terem sido desenvolvidas por uma grife estrangeira, a russa Bosso di Ciliegi.
No Brasil, a patrocinadora também será uma marca estrangeira. DINHEIRO apurou que a americana Nike está em vias de assinar um contrato com o comitê brasileiro. Ela já veste todas as federações dos Estados Unidos, da Rússia e dos atletas da Alemanha, do Quênia e do Brasil. Por aqui também fornece os uniformes da confederação de futebol e basquete. “Toda nossa linha nasce nas competições”, diz o diretor Andrada. Neste ano, seus principais lançamentos serão um novo tênis de corrida e uma roupa de atletismo aerodinâmica. A Olimpíada é a plataforma ideal para o lançamento de produtos. “É o ambiente mais competitivo possível para que as marcas se enfrentem em pé de igualdade”, diz Amir Somoggi, diretor da área esportiva da consultoria BDO.