Quando se pensa em energia renovável no Brasil, as primeiras palavras que normalmente vêm à mente são hidroelétricas e etanol. Dono de Itaipu, a segunda maior usina de energia do planeta gerada pela água, o País ganhou notoriedade também pela implantação do programa de produção de biocombustíveis, o etanol de cana-de-açúcar, criado em 1975. De uns tempos para cá, porém, essas duas fontes ganharam a companhia da energia eólica, segundo o Climascópio 2012. O trabalho elaborado pela consultoria de pesquisa Bloomberg New Energy Finance, baseada em Londres, e divulgado na Rio+20, mostrou que os investimentos nessa modalidade atingiram US$ 8,8 bilhões em 2011, superando os desembolsos em projetos de biocombustíveis, de US$ 3,2 bilhões. 

 

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Liebreich, da Bloomberg: “O Brasil não deve se limitar

a uma única fonte de energia”.

 

Nesse contexto, surge a seguinte indagação: a en-trada em operação dos principais blocos de exploração do pré-sal poderá afetar o desenvolvimento das energias renováveis no País? Michael Liebreich, CEO da Bloomberg New Energy Finance , acredita que não. “O Brasil não deve abrir mão de seu projeto de biocombustível”, disse à DINHEIRO. “Até porque, seria muito arriscado priorizar apenas um tipo de fonte energética.” Para Liebreich, as chamadas energias alternativas deverão ganhar cada vez mais espaço na América do Sul e no Caribe, onde o Brasil desponta como um líder inconteste (veja quadro). 

 

Dos US$ 90 bilhões aplicados em fontes renováveis entre 2006 e 2011, US$ 72 bilhões foram em projetos desenvolvidos no País. Apesar dos números portentosos, a América do Sul e o Caribe receberam apenas 5% dos recursos que circularam pelo mundo nesse período. “O grande desafio é descobrir por que a participação do continente ainda é tão baixa”, afirma Liebreich. O executivo diz que um dos motivos pode ser a falta de incentivos para a transição das fontes energéticas, fortemente baseadas em combustíveis fósseis, para as opções verdes, em especial em países como Argentina, Bolívia e Venezuela.

 

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