02/02/2024 - 13:32
Estamos vivendo um novo momento que impõe ajustes inevitáveis e um grau de reinvenção sem precedentes no mundo empresarial. Cada empresa, sem exceção, qualquer que seja o porte ou tipo de negócio, precisa repensar o seu futuro, com muitos questionamentos a serem devidamente aprofundados.
Qual rumo seguir? Qual negócio devemos focar? De quais seria melhor sair? Quais oportunidades estão ainda inexploradas no mercado? Quais competências precisamos adquirir? Como atingir melhores resultados? Temos um grau satisfatório de eficiência operacional? Nosso modelo de gestão, estrutura e os perfis de pessoas que temos são adequados para a estratégia que desejamos implementar? Enfim, quais as prioridades para os próximos anos? Como vamos desempenhar em 2024? Em qual patamar desejamos estar em 2025? E em 2030?
Sempre gosto de dizer que essa Reflexão Estratégica é uma espécie de ‘antessala’ do planejamento estratégico. Porém, em muitas empresas, o planejamento estratégico acabou virando mero exercício de ajustes do orçamento para o ano seguinte. O orçamento deve ser a última etapa e não o ponto de partida do planejamento estratégico. Afinal, a Estratégia não pode ser vista como uma projeção estatística do passado.
Nossas empresas têm sofrido muito nos últimos anos, imersas em uma situação na qual vários indicadores relevantes revelam dados aflitivos, gerando um verdadeiro tobogã de expectativas, com muita incerteza sobre o futuro. Entretanto, percebemos também sinais indicando um mar de novas oportunidades. Sua empresa está se preparando para isso ou vai ficar refém dos acontecimentos para só se reposicionar quando já for tarde demais e os concorrentes já tiverem capturado tais oportunidades?
A Reflexão Estratégica é fundamental para alinhar e comprometer as pessoas relevantes com uma visão de futuro compartilhada. Dessa forma, tornadas claras e explícitas as convergências e os pontos ainda a convergir, com alto grau de alinhamento e compreensão do futuro do negócio, é possível estabelecer o propósito comum e desdobrar o planejamento estratégico entre os diferentes departamentos e unidades de negócios.
Esse alinhamento é essencial porque precisa colocar na mesma página os mais diversos níveis hierárquicos da organização, tais como acionistas, o Conselho de Administração e a diretoria, ou membros de uma família (nas empresas familiares) e os líderes dos vários departamentos. À primeira vista, fazer os atores dessa dinâmica convergir pode parecer simples, mas, o alinhamento tem sido, infelizmente, mais exceção do que a regra.
Em alguns casos, os membros da diretoria possuem visões nem sempre harmônicas. Embora possuam a melhor das intenções, na maioria das vezes, isso faz com que acabem remando o barco em direções diferentes, gerando desperdícios e conflitos que poderiam ser evitados, promovendo sintonia dos dirigentes com o rumo desejado.
Percalços também surgem quando sócios minoritários estão em conflito ou desalinhados com o rumo da empresa. E quem não conhece alguma história de empresa familiar que ficou à deriva enquanto havia conflitos entre diferentes núcleos da família?
A Reflexão Estratégica é um instrumento também de prevenção de ‘trincas’ nas esferas decisoras, pois, quando bem feita, age como instrumento de diálogo construtivo, maximizando o aproveitamento do potencial da empresa e trazendo sinergias aos pontos de vista diferentes.
O exercício de Reflexão Estratégica é um útil caminho para promover real alinhamento da visão de futuro com as pessoas relevantes, abrangendo membros da equipe, investidores, sócios e outras instâncias de governança da empresa.
Não improvise. Adote uma metodologia adequada e inspiradora e a siga com disciplina para formatar a estratégia da sua empresa de forma compartilhada e eficaz. Construa e carimbe o seu ‘passaporte para o futuro’.
César Souza é fundador e presidente do Grupo Empreenda