28/03/2014 - 21:00
Os serviços de telemarketing das empresas não são, digamos, muito populares entre os brasileiros. Especialmente em setores como o de telecomunicações e o financeiro, que lideram há anos os rankings de reclamações de entidades de defesa do consumidor. A despeito do descontentamento dos usuários, esse negócio, no entanto, tem se mostrado muito lucrativo no Brasil. Em 2013, o setor de contact center – famoso pelos gerúndios de seus atendentes e pela burocracia – faturou R$ 14,3 bilhões, um crescimento de 13% em relação ao ano anterior. Para “estar aproveitando” essa demanda, a italiana Almaviva, especializada em contact center e tecnologia nessa área, vai ampliar seus negócios no País e oferecer novas soluções em serviços, com investimento de R$ 100 milhões neste ano.
Giulio Salomone: “O Brasil apresenta muitas oportunidades nesse segmento”
“Percebemos que o Brasil apresenta muitas oportunidades nesse segmento”, afirma Giulio Salomone, vice-presidente do conselho de administração da Almaviva do Brasil. “Os negócios estão crescendo rapidamente.” Além de enfrentar a impopularidade dos operadores de telemarketing, a companhia, baseada em Roma, precisa lidar com um mercado dominado por duas grandes gigantes: a brasileira Contax, que faz parte da Oi, e a espanhola Atento, recentemente vendida pela Telefônica para o fundo Bain Capital, por US$ 1,3 bilhão. Para se diferenciar das líderes, a Almaviva está trazendo ao Brasil um serviço que permite personalizar o atendimento ao consumidor, o chamado trade marketing.
Trata-se de um sistema de atendimento eletrônico intuitivo, que se antecipa às demandas do consumidor. Dessa forma, ganha o cliente, que tem seu problema resolvido de forma mais rápida, e também a empresa, que pode emplacar novas vendas. “Nossa maior arma é a experiência em produtos que aliam tecnologia e atendimento”, diz Salomone. O primeiro contrato para esse produto já foi fechado com uma empresa de tevê a cabo. No ano passado, a subsidiária brasileira da Almaviva faturou R$ 440 milhões, o equivalente a cerca de 18% do faturamento global do grupo, de R$ 2,5 bilhões, e teve um crescimento de 60% sobre 2012.
Atualmente, a companhia italiana possui oito centros de atendimentos de telemarketing nas regiões Sudeste e Nordeste e deve abrir mais quatro neste ano. “A ideia é investir em cidades que ainda não tenham grande concorrência na área”, afirma Salomone. Para o presidente do Sindicato Paulista das Empresas de Telemarketing, Marketing Direto e Conexos (Sintelmark), Lucas Mancini, a estratégia da Almaviva é positiva para o setor, um dos maiores do País. “A empresa está levando emprego para os locais que mais precisam”, afirma. Até o fim do ano, a companhia, que hoje conta com 20 mil empregados, espera chegar a 30 mil funcionários por aqui.