02/03/2011 - 21:00
Durante a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, os mais de 800 brasileiros e coreanos que trabalham na subsidiária da LG no Brasil torceram juntos pelas seleções de seus respectivos países.
Essa integração entre funcionários de nacionalidade e cultura tão distintas, no entanto, não se refletia nos postos de alto comando da companhia sul-coreana no Brasil, onde opera há 14 anos.
Nova função: além de formular uma nova política comercial, o executivo
terá de vencer o desafio cultural da nova empreitada
No começo deste ano, porém, essa história começou a mudar. Pela primeira vez na trajetória da fabricante no País, um brasileiro foi escolhido para ocupar um cargo de vice-presidente – até então, o teto era a posição de diretor. O agraciado com a escolha é o executivo Celso Previdelli, que ocupava o cargo de diretor de vendas de produtos de informática.
“Já estava na hora”, brinca Previdelli, em sua primeira entrevista desde que assumiu a vice-presidência de soluções para TI (tecnologia da informação). Ele agora é o responsável por toda a divisão de informática, área da empresa que reputa como a de maior potencial de crescimento nos próximos anos.
Se as perspectivas são promissoras, os desafios são igualmente grandes para Previdelli. A estratégia traçada pelo executivo estipula um crescimento de 30% em receita líquida para o setor de soluções para TI em 2011.
É superior à média esperada para o conjunto da empresa neste ano e duas vezes o crescimento previsto para a área de mobilidade. Um dos focos do novo vice-presidente é melhorar a participação em notebooks, saindo da décima posição no mercado para ingressar na lista das cinco maiores fabricantes do setor.
Para isso, a LG prepara o lançamento de sua primeira linha de computadores portáteis destinada ao segmento corporativo, além de mais equipamentos dessa categoria para o consumidor comum.
“O mercado de notebooks é ainda muito pulverizado no Brasil, o que representa uma grande oportunidade para nós”, afirma Previdelli. Para dar conta desses objetivos, está nos planos da LG a ampliação da capacidade instalada de fabricação de notebooks da unidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Além dessa fábrica, a LG mantém outra em Manaus, no Amazonas, e está construindo uma em Paulínia, também em São Paulo.
A unidade de Taubaté é a responsável por um dos mais aguardados lançamentos da LG em 2011.
O tablet Optimus Pad filma e tira fotografias em 3D, rodará no sistema operacional Android Honeycomb, do Google, e deve chegar ao Brasil ainda no primeiro semestre.
Apesar de toda a expectativa, Previdelli evita contaminar-se com o otimismo exagerado. “O IDC prevê vendas de 300 mil tablets em 2011 no Brasil, mas isso dependerá do tipo de uso que o consumidor fizer desses dispositivos”, diz.
Para ele, se o tablet for visto apenas como mais um acessório tecnológico, as vendas devem ficar em torno desse número. A história muda de figura se as pessoas usarem o equipamento para cumprir o papel de computador portátil.
“Se isso acontecer, as vendas serão muito maiores que as projetadas pelo IDC”, afirma Previdelli. Os desafios do executivo em sua nova função envolvem também a estruturação de políticas comerciais e operacionais do setor de soluções TI.
A área contempla linhas muito díspares, como sistemas de segurança, tevês para hotéis e sinalização digital em aeroportos e shoppings. Em meio ao desenvolvimento das estratégias de negócios da LG, Previdelli precisa vencer o desafio cultural relacionado ao fato de ser o primeiro vice-presidente brasileiro da companhia sul-coreana no País.
Ao lado de três vice-presidentes coreanos, Previdelli vai se reportar a Mr. Chris, o presidente da empresa
no Brasil.Quanto a isso, o executivo diz não se preocupar. A experiência acumulada em sete anos de LG, somada a um total de 25 anos de atuação no mercado de tecnologia, deixam o executivo tranquilo para a nova empreitada.
A nomeação para o novo posto vem depois de um ano particularmente bom para a LG, que atingiu faturamento de US$ 3,1 bilhões no Brasil, em 2010, um crescimento de mais de 30% em relação a 2009.
O país é a quarta maior subsidiária da companhia, que teve uma receita global de US$ 48,2 bi-lhões em 2010. “A promoção do Previ-delli reforça a ligação da LG com o mercado brasileiro e pode servir de impulso para os negócios da área de informática na companhia”, afirma Ivair Rodrigues, diretor de pesquisas da consultoria brasileira IT Data.