25/11/2011 - 21:00
Viajar pelo Brasil acabou criando um negócio e tanto. Afinal de contas, a nova classe média aumentou seu poder de compra e resolveu gastar uma parcela de seu salário com turismo e viagens de avião. Depois de cair nos primeiros anos da década passada, o movimento de passageiros nos aeroportos brasileiros cresceu 47%, entre 2006 e 2010. Apesar do aumento do número de novos empreendimentos hoteleiros, a Associação da Indústria de Hotéis (ABIH) estima que ainda existe um potencial para 45 mil novos leitos até 2014. É nesse ano que o País receberá a Copa do Mundo, evento que deve atrair 500 mil turistas estrangeiros. O financiamento dos novos empreendimentos vem sendo garantido pelos bancos públicos. Juntos, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Banco da Amazônia e Caixa já desembolsaram R$ 5,8 bilhões até setembro deste ano, volume 20% maior do que o do mesmo período do ano passado. “O País está vivendo um verdadeiro boom de financiamento em turismo”, afirma Hermano Carvalho, diretor de financiamento do Ministério do Turismo.
O retorno: Comprado pelo empresário Eike Batista, o Hotel Glória, no Rio, será reinaugurado no final de 2013
É a confiança no crescimento do setor que alimenta os investimentos em curso. Nos últimos anos, a taxa de ocupação média dos hotéis subiu de 60,7%, em 2006, para 69% neste ano. O valor médio da diária também aumentou, de R$ 130 para R$ 211, no mesmo período. AABIH estima que o número de brasileiros que consomem serviços de turismo vai passar dos atuais 36 milhões para 50 milhões de pessoas em 2017. De olho nesse novo mercado, 72 novos hotéis devem ser inaugurados até o fim deste ano, contabilizados somente os construídos pelos grandes grupos. É um número mais de duas vezes superior ao do ano passado, quando 33 novos empreendimentos abriram as portas. O BNDES, por exemplo, teve de se adaptar ao mercado e já aumentou a oferta de recursos. “Antes não financiávamos hotéis, por falta de procura”, diz Marcus Vinícius Macedo, gerente do departamento de cultura, entretenimento e turismo do BNDES.
“Agora, a demanda é tão grande que já tivemos de aumentar os prazos de financiamento.” O programa Pró-Copa Turismo, criado em janeiro do ano passado para financiar reformas e construção de hotéis com um orçamento de R$ 1 bilhão, emprestou R$ 365 milhões até agosto deste ano, último dado disponível. A Caixa, que desde 2003 tem linhas de crédito específicas para turismo, como locação de veículos, agências de turismo e hotéis e pousadas, emprestou R$ 4 bilhões no ano passado. A instituição planeja chegar ao fim deste ano com um desembolso de R$ 5 bilhões. “Turismo e hotelaria estão entre os setores prioritários para o banco”, afirma Dário de Castro, superintendente de Micro e Pequena Empresa da Caixa. Cerca de 90% dos recursos são concedidos a empresas de micro, pequeno e médio porte. As grandes redes de hotéis estão de olho no crescimento do mercado e também aproveitando os programas de incentivo para aumentar sua oferta no Brasil. O francês Accor, um dos maiores grupos hoteleiros do mundo, já anunciou projetos no valor de R$ 1,5 bilhão para construir 73 novos hotéis no Brasil, com capacidade para dez mil leitos, até 2015.
Escalada – Abel Castro: A rede francesa Accor tem projetos para 73 novos hotéis, no valor de R$ 1,5 bilhão
É o maior investimento envolvendo suas bandeiras, como Sofitel, Pullman, Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1, entre os 90 países em que a empresa atua. A rede tem hoje no Brasil 145 hotéis, com 24,3 mil leitos. Nos últimos três anos, o País passou de sétimo para o quarto maior mercado para a empresa francesa. “Os bancos estão mais abertos ao financiamento do setor hoteleiro e têm mais vontade hoje de financiar nossos investimentos do que há três anos”, diz Abel Castro, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Accor Brasil. O empresário Eike Batista também está apostando nessa área. Ele comprou o tradicional Hotel Glória, no Rio de Janeiro, com vista privilegiada para o Pão de Açúcar e para a Baía de Guanabara. O Glória está sendo reformado e deverá ser reinaugurado em 2013. Outra importante rede brasileira, o BHG, dona de 36 hotéis com as bandeiras Golden Tulip, Royal Tulip, e Tulip Inn, tem um plano de erguer oito estabelecimentos de três, quatro e cinco-estrelas por ano, até completar 40 novos em 2016. “Nosso maior volume de investimentos está na aquisição de hotéis já existentes”, afirma Pieter Voorst Vader, presidente do BHG.