Imagine a seguinte cena: você vai ao cinema e a poltrona começa a tremer, exalar odores e espirrar jatos de água. Na sala de projeção, se inicia um frenético piscar de luzes em meio a fumaça e rajadas de vento. É esse tipo de sensação que a rede mexicana Cinépolis pretende proporcionar aos espectadores brasileiros com o lançamento da tecnologia 4DX. Com faturamento mundial de US$ 1 bilhão, a quarta maior companhia do setor no mundo pretende inaugurar um novo modo de assistir às superproduções hollywoodianas no Brasil. O alvo são os amantes da telona e um público disposto a pagar R$ 50 pelo ingresso. Por conta disso, a Cinépolis escolheu o sofisticado shopping Iguatemi JK, no bairro da Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, para abrir a primeira sala do gênero na América do Sul. 

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Acuña, presidente: depois de São Paulo, novas salas com tecnologia 4D

chegarão a Salvador e Curitiba.

 

A inauguração, marcada para 27 de abril, depende ainda da autorização da Justiça para a liberação do shopping. Um problema que, a princípio, não afeta os planos da companhia. “O potencial do Brasil nesse campo é imenso”, diz o mexicano Eduardo Acuña, presidente da subsidiária local da Cinépolis. “A população está com mais dinheiro e não vai se privar de assistir a um filme em um ambiente confortável.” No cronograma definido pelo executivo consta a abertura de mais duas salas do gênero: uma em Salvador, com inauguração prevista para maio, e outra em Curitiba, no primeiro semestre de 2013. O ritmo parcimonioso de expansão se deve ao elevado valor para implantação de um cinema 4DX: R$ 5 milhões, montante seis vezes maior que o gasto em uma sala de projeção convencional. 

 

A diferença se deve ao fato de que são necessários 20 recursos de “efeitos especiais” para que o espectador “sinta na pele” as situações vividas pelos personagens na telona. A tecnologia, desenvolvida pela coreana CGV, em 2009, foi criada sob medida para a exibição de produções hollywoodianas com elevada carga de ação, como em Os Vingadores, que reúne Homem de Ferro, Capitão América e Hulk – astros do universo dos quadrinhos da americana Marvel. O filme foi o escolhido para a primeira exibição em 4DX no Brasil. A ambição de Acuña é repetir por aqui a trajetória que essa tecnologia teve na Cidade do México, onde a primeira sala 4DX foi implantada no ano passado. O sucesso foi tamanho que a Cinépolis abriu outras três salas e decidiu negociar com a CGV a exclusividade do sistema para a América Latina.

 

No Brasil desde junho de 2010, quando abriu um cinema convencional em Ribeirão Preto (SP), a exibidora mexicana vem se beneficiando do bom momento vivido pelo setor. No ano passado, um contingente recorde de 141,7 milhões de pessoas passou pelas 2.060 salas de exibição do País. Confiante na continuidade desse desempenho, Acuña conseguiu a aprovação da matriz para investir R$ 54,4 milhões na abertura de 55 cinemas até o final do ano. “Não vamos focar num público específico, pois queremos estar onde houver oportunidades”, afirma. Somando-se à rede atual, encorpada com a aquisição da rival espanhola Box, dona de 56 salas de projeção, a empresa mexicana deve fechar o ano com receita estimada pelo mercado em R$ 80 milhões. 

 

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