13/12/2013 - 21:00
A família Salvador, dona do Hospital Mater Dei, de Belo Horizonte, tem sido assediada para levar os seus negócios na área hospitalar para novas fronteiras. “Fomos convidados a assumir hospitais desativados em São Paulo, mas decidimos preservar nossa vocação regional”, afirma Henrique Salvador, presidente e filho do fundador do Mater Dei. Para crescer sem precisar buscar novas fronteiras, a empresa – que prevê ampliar a receita em 15% neste ano, em comparação com os R$ 256 milhões de 2012 – vai aumentar a sua presença na Grande Belo Horizonte, região na qual a instituição é exemplo de qualidade hospitalar.
Fundado em 1980 por José Salvador Silva, o Hospital Mater Dei – vencedor do ranking setorial AS MELHORES DO MIDDLE MARKET – passa por seu mais radical plano de expansão. “Estudamos a abertura de clínicas ao redor da cidade e temos um terreno onde ficava uma fábrica da Skol, na zona sul, no qual queremos construir um Pronto Socorro com uma unidade de diagnósticos em anexo”, afirma Henrique. Mas o tamanho da ambição do Mater Dei já pode ser visto em outro ponto da capital mineira. A empresa está investindo R$ 300 milhões, com metade dos recursos próprios e o restante vindo do BNDES, para a construção de um segundo hospital em Belo Horizonte, em um prédio de 22 andares, no bairro da Barroca, na zona oeste da cidade.
Dessa forma, vai poder dobrar para 420 o número de leitos que administra. A nova unidade contará ainda com Pronto Socorro, com capacidade para atender 2 mil pessoas por dia, e uma área para pacientes VIP. A previsão de conclusão é de antes da Copa do Mundo de 2014. A expansão vem em boa hora, afinal as grandes capitais brasileiras sofrem com uma demanda reprimida de leitos hospitalares. Se a posição do patriarca José Salvador é estratégica, o dia a dia da instituição fica por conta dos seus filhos: Henrique, presidente, Maria Norma, vice-presidente financeira e comercial, e Márcia, vice-presidente operacional e diretora clínica.
A segunda geração enfrenta o desafio de manter o negócio lucrativo mesmo em um período de grandes investimentos, sem, no entanto, deixar a instituição sofrer perda de qualidade. O Mater Dei foi o primeiro hospital privado do Brasil a conseguir uma certificação de nível 3 da Organização Nacional de Acreditação, além de ter sido reconhecido pela americana National Integrated Accreditation for Healthcare Organizations (NIAHO) – o que o coloca em uma categoria que costuma ser preenchida por instituições como o Hospital Israelita Albert Einstein e o Hospital Sírio-Libanês, ambos em São Paulo. Para dar conta da missão, a empresa adotou uma série de medidas de governança corporativa.
A estratégia foi definida por meio de consultoria da Fundação Dom Cabral, instituição de ensino da qual Henrique Salvador é um dos conselheiros. O resultado foi a criação de um conselho de administração com três representantes independentes e de um plano de sucessão. A terceira geração da família que vai assumir o negócio já começa a ser preparada. Mas ela não terá vida mole. Para serem elegíveis à gestão do hospital, os netos de José Salvador Silva precisam cumprir três requisitos: trabalhar durante um ano em um hospital do mesmo porte ou maior que o Mater Dei, graduar-se em administração de empresas e obter um canudo de MBA em uma instituição de ensino reconhecida internacionalmente.