11/01/2012 - 21:00
Em 2011, o câmbio surpreendeu e rendeu bons ganhos a quem colocou uma pitada a mais de dólar nos seus investimentos. Sal, como as aplicações na moeda americana, é ruim para os hipertensos quando em excesso. Mesmo assim, alguns especialistas recomendam rechear a carteira com as verdinhas neste ano. “O dólar deve continuar valorizado em relação ao real”, diz José Francisco de Lima Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator. Para ele, isso será uma decorrência da queda dos juros por aqui. O mercado financeiro espera uma taxa Selic de 9,5% no fim de 2012. O diferencial menor entre os juros brasileiros e os internacionais reduzirá o estímulo ao ingresso de recursos por aqui, o que vai contribuir para sustentar os preços do dólar.
Há outra causa. O Brasil deve andar na contramão das economias internacionais, especialmente as europeias, e crescer. Com isso, as importações devem aumentar e reduzir o excesso de dólares no mercado.Mesmo que você acredite no cenário descrito acima, é melhor ir com calma no tempero cambial. O movimento imprevisível do dólar pode causar enxaquecas nos investidores, por isso a recomendação é evitar a especulação. O melhor é montar uma estratégia para o ano, em vez de tentar especular no curto prazo. “O dólar vai subir, mas não será uma apreciação suave, haverá oscilações fortíssimas”, diz Marcio Cardoso, sócio da Título Corretora.
Segundo Cardoso, a incerteza com a situação europeia deverá fazer com que os primeiros meses do ano sejam os de câmbio mais instável. No entanto, a partir do segundo semestre, a definição de um cenário para a crise deverá tornar os solavancos menos abruptos. Para ele, a moeda americana deve variar entre R$ 1,70 e R$ 2,00. “A taxa de câmbio preferida pelo mercado fica ao redor de R$ 1,90.” Cardoso também não descarta uma atuação pesada do Banco Central (BC) no controle do tempero. Em 2011, o BC e o Ministério da Fazenda agiram para reverter a desvalorização excessiva do dólar, como tornar mais caras as operações no mercado futuro de câmbio e promover sucessivos leilões de moeda para evitar oscilações bruscas.
“O BC não vai deixar o dólar disparar, pois isso pressiona a inflação”, diz Cardoso. Com cerca de US$ 350 bilhões em reservas, as autoridades monetárias terão muita folga para agir. Por isso, a recomendação dos especialistas é evitar comprar a moeda americana e preferir os fundos. Marcelo Marques Pacheco, gerente de fundos do Banco do Brasil (BB), administrou os fundos cambiais mais rentáveis do ano passado. Segundo a consultoria Economática, o fundo Cambial Euro, do BB, rendeu 12,77% nos 12 meses até 30 de novembro, seguido de perto pelo Dívida Externa 1000 cuja rentabilidade foi de 9,41% no mesmo período.
Sua receita para esse resultado saboroso foi ficar atento aos momentos de maior volatilidade no mercado. “Mantivemos uma posição forte em caixa e compramos títulos baratos nos períodos de estresse”, diz Pacheco. Segundo ele, a demanda das empresas por proteção contra oscilações do câmbio diminuiu muito em 2011, o que fez com que muita gente estivesse desprevenida quando as cotações subiram, no segundo semestre. Para 2012, porém, a propensão será manter as posições cambiais mais protegidas. “Com isso, haverá menos espaço para quedas fortes.”