21/06/2013 - 18:00
Foi dada a largada para a entrada de um concorrente para a BM&FBovespa no mercado de ações brasileiro. Na noite da terça-feira 18, a Americas Trading System Brasil, empresa vinculada à americana NYSE Euronext, que controla, entre outras, a Bolsa de Nova York, solicitou formalmente à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) autorização para operar no País. “Conversamos com reguladores e investidores e concluímos que há espaço para uma nova bolsa”, diz Alan Gandelman, presidente da ATS Brasil. “A concorrência melhora a eficiência, a transparência e aumenta a liquidez do mercado.” O mercado é portentoso.
Alan Gandelman, presidente da ATS Brasil: ”A concorrência melhora a eficiência,
a transparência e a liquidez do mercado”
Em maio, a BM&FBovespa negociou, em média, R$ 8 bilhões por dia em ações e cotas de fundos, o que lhe garantiu uma posição entre as dez maiores bolsas de valores do mundo, considerando os negócios com títulos e valores mobiliários. Para ganhar mercado, Gandelman diz que a ATS vai apostar em tecnologia, oferecendo sistemas mais velozes, e no lançamento de produtos e serviços. “Também pretendemos competir bastante em relação aos custos”, diz. No primeiro momento, a ATS vai negociar ações e cotas de fundos de índice, conhecidos como Exchange Traded Funds, ou ETFs.
Mais adiante, a ideia é começar a negociar outros ativos, como títulos de renda fixa. “Vamos atender a todos os participantes desses mercados e esperamos um incremento de investidores estrangeiros”, afirma Gandelman. Segundo ele, nos Estados Unidos e na Europa existem fundos que, por estatuto, estão proibidos de investir em países onde há apenas uma bolsa. “Atender a essa demanda é mais um benefício da quebra do monopólio no Brasil”, diz. O trabalho da ATS não será fácil. Entre os obstáculos está a dificuldade de prestar alguns serviços, como a liquidação financeira das compras e das vendas.
Atualmente, a BM&FBovespa, que não comentou o assunto, tem exclusividade sobre a Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia e já disse não ter interesse em compartilhá-la com a concorrência. Segundo Gandelman, esse não é mais um problema. “Temos algumas alternativas e já trabalhamos com a possibilidade de montarmos nossa própria câmara de compensação”, afirma. A ATS prevê investir US$ 100 milhões no Brasil e agora espera a aprovação da CVM, que tem 90 dias para se pronunciar. “Nosso objetivo é começar a atuar já no primeiro semestre de 2014”, afirma Gandelman.