O Brasil consome cerca de 55 mil megawatts de energia elétrica por ano. Cerca de 75% desse consumo é cativo. Empresas geradoras, como as usinas hidrelétricas, vendem para as companhias de distribuição de energia. Os outros 25% são negociados livremente entre as partes, em geral usuários intensivos como empresas siderúrgicas e de alumínio, e geradores independentes.  É nesse meio de campo que o empresário Eike Batista quer entrar. Na terça-feira 12,  ele anunciou, no Rio de Janeiro,  o lançamento da Brix, uma bolsa eletrônica para unir compradores e vendedores de energia elétrica. “Hoje, esse mercado é pouco transparente, com os negócios sendo realizados por telefone”, diz Marcelo Mello, principal executivo da Brix. 

“Vamos trazer transparência e liquidez a esses negócios.”   Nessa empreitada, Batista investiu R$ 25 milhões ao lado de outros nomes conhecidos do mundo do negócios, como Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas, o consultor Roberto Teixeira da Costa, primeiro presidente da Comissão de Valores Mobiliário e Marcelo Parodi, principal executivo da trading de energia Compass. A tecnologia será fornecida pela InterContinental Exchange (ICE), bolsa eletrônica especializada em commodities.

 

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Mercado livre: 25% da energia consumida no País é negociada livremente e Eike Batista

quer intermediar essas transações, em parceria com alguns pesos-pesados da economia

 

Ao anunciar a criação da Brix, Batista disse que participa como pessoa física, sem envolvimento acionário de sua holding, a EBX. O grupo, porém deve ser um dos principais clientes da Brix. Uma das empresas de Eike, a MPX, controla duas usinas termoelétricas no Nordeste, com capacidade instalada de 1.400 megawatts. 

 

Além desses projetos, a companhia tem planos de investir para elevar sua capacidade instalada em 11.000 megawatts, que ainda não têm comprador. “A MPX será um grande gerador e vai participar do mercado”, diz Mello.  Segundo o executivo, em um primeiro momento, a Brix vai apenas informar preços de compra e venda para a eletricidade, para empresas geradoras e consumidoras que se cadastrarem. 

 

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As transações fechadas serão liquidadas diretamente entre as partes. Posteriormente, haverá contratos financeiros entre elas e, finalmente, mais adiante, a intenção é lançar titulos que possam ser adquiridos pelos investidores. “A Brix será um grande mercado de energia, sem comprar nem vender, mas permitindo o trânsito de informações”, diz Mello. 

 

Mais ou menos como a Enron? “De certo modo sim, os negócios são parecidos”,  confirma, citando em seu favor a história da parceira ICE, a bolsa eletrônica americana. “Ela surgiu depois da quebra da Enron, com uma plataforma de negociação, que foi um sucesso enorme”,  afirma.  A intenção da Brix é repetir esse desempenho – sem o mesmo final da Enron, claro.