Não é só de tradição e bem-casados que vive a indústria do matrimônio. Em um mercado que movimenta R$ 10 bilhões por ano, segundo a Associação dos Profissionais, Serviços para Casamento e Eventos Sociais (Abrafesta), não faltam ideias para inovar o “felizes para sempre”. Noivos que planejam fugir da cerimônia tradicional na igreja ou no cartório têm procurado opções mais inusitadas para a troca de alianças, como o casamento em spa. “A novidade permite que o casal usufrua do conforto e atrativos do local próximo a amigos e familiares”, diz a consultora de eventos especiais Ana Paula Tabet. A ideia é simples: a cerimônia e a festa ocorrem no sábado da forma tradicional. Os convidados, no entanto, chegam ao spa já na sexta-feira à noite e utilizam banhos e massagens relaxantes até o domingo. 

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Luxo e conforto: nas fotos, cenas do casamento dos empresários Renata Caetano e Paulo Carreiro no hotel Quinta dy Engenho

e os ambientes requintados do resort Dois Santos, spas do interior de São Paulo que investem no mercado de matrimônios.

 

O diferencial desse modelo de celebração é que o casal pode aproveitar o fim de semana inteiro com os convidados, não apenas a noite do casamento, como é o que geralmente acontece em cerimônias tradicionais. Tal exclusividade, porém, limita o número de participantes, que não pode passar de 100 pessoas. E o valor? “Claro que o preço do evento varia de acordo com as exigências do casal, mas é de aproximadamente R$ 80 mil”, garante a consultora. “Se uma festa luxuosa custa R$ 600 por pessoa, em um spa são R$ 800.” Segundo a especialista em casamentos Constance Zahn, o formato “destination wedding” se tornou moda no Brasil e no mundo. “Fazer um casamento fora da cidade é um jeito de curtir mais o evento ao lado das pessoas queridas”, explica Constance. Vários casais a caminho do altar já adotaram a ideia. 

 

No quesito planejamento, casar em um spa pode trazer menos dor de cabeça aos noivos. “É mais prático porque já está tudo em um só lugar”, destaca a assessora de casamentos Tina Bornstein. “O local oferece toda a estrutura necessária, então não é preciso se preocupar em contratar muitos fornecedores.” 

 

Um spa que tem apostado em cerimônias matrimoniais é o resort Dois Santos, em Porto Feliz, no interior de São Paulo. Com uma média de quatro casamentos realizados por semestre, o local oferece hospedagem, bufê, serviços de valet, segurança e limpeza, além – é claro – de toda a área de relaxamento e lazer do lugar. Os ambientes foram configurados para casamentos: uma praia de água doce rodeada por coqueiros ou uma singela capela de fazenda. “Hoje, a maioria dos casamentos é de pessoas que já participaram de outras celebrações aqui no hotel”, diz o diretor Alexandre Ueda. O modelo de casamento em spa ainda enfrenta a resistência dos mais tradicionalistas. Os empresários Renata Caetano e Paulo Carreiro, ambos católicos, foram obrigados a escolher outro tipo de celebração religiosa após receber recusas da igreja. 

 

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Mercado em expansão: a indústria casamenteira movimenta R$ 10 bilhões por ano, segundo a associação do setor,

e mobiliza mais de 20 mil profissionais por dia na cidade de São Paulo.

 

“Tentamos de tudo para casar na Igreja Católica, mas infelizmente não tivemos sucesso, pois a nossa religião não abria exceções para casamentos fora da igreja”, conta Renata. Foi então que eles descobriram a Igreja Anglicana e conseguiram um padre que pudesse ir ao local do casamento. “Fomos conversar com o padre e adoramos. A proposta é mais moderna e mais próxima de nossa realidade.” Os dois se casaram no ano passado no hotel Quinta dy Engenho, em São Roque, no interior paulista, e recomendam a experiência. “A cerimônia fica muito mais agradável e faz com que a gente fuja um pouco da rotina da cidade grande”, diz. “Nossos convidados dizem que o nosso casamento foi o melhor a que já foram até hoje”. Os números do IBGE indicam que, além de grandioso, esse mercado está em ascensão. 


Nos últimos dez anos, o número de casamentos oficiais cresceu 35%. Na cidade de São Paulo, a indústria do casamento mobiliza em um único dia um exército de 20 mil profissionais, desde garçons e bartenders até floristas e manobristas. Com a indústria casamenteira em crescimento, as empresas especializadas na área empenham-se para atrair noivos com ideias para transformar o dia da união em um evento singular. Vale tudo se a ideia é mesmo inovar: casamentos na praia, no campo, em restaurantes, baladas, parques, museus e até em um balão. “Tudo é possível, desde que a festa tenha a cara dos noivos e não seja uma escolha apenas para impressionar os convidados ou para fazer diferente”, afirma a consultora Tina. Para a presidente da Abrafesta, Vera Simão, a novidade é ótima. “Não importa o local de comemoração, desde que o sacramento não seja descaracterizado.”