15/12/2014 - 10:51
Com mais de 24 anos de existência, o software de apresentações PowerPoint é um sucesso no ambiente corporativo. Ele está instalado em mais de um bilhão de computadores e estima-se que 350 apresentações usando o programa da Microsoft são feitas a cada segundo no mundo. Sua participação de mercado chega a 95%, segundo estimativas dos especialistas. Empresas como Apple e Google foram eliminadas desse mercado por não conseguirem competir com o aplicativo, baseado na criação de slides. Esse reinado está longe de chegar ao fim. Mas, pela primeira, há uma ameaça real no horizonte.
Criado em 2009 pelo sueco Peter Arvai e por seus sócios, o designer Adam Somlai-Fischer e o desenvolvedor Péter Halácsy, o Prezi está ganhando o coração e as mentes das estrelas do TED, a mais badalada promotora de palestras do mundo, e se tornando a opção preferencial dos empreendedores do Vale do Silício, nos Estados Unidos. Totalmente online, o Prezi acaba com os enfadonhos slides e opta por uma nova forma de apresentar ideias, baseada em uma imagem grande. Para falar de um determinado assunto, o programa enquadra e dá zoom no elemento. “É uma maneira mais lógica de se fazer uma demonstração”, disse à DINHEIRO Arvai, o CEO do Prezi.
“Se eu perguntar os eletrodomésticos da sua sala, você vai pensar nos lugares onde estão os objetos em vez de fazer uma lista.” O software começou a deixar o submundo da tecnologia e passou a brilhar como uma opção ao PowerPoint quando o vocalista Bono Vox, o messiânico líder da banda U2, fez uma apresentação no TED Talks, empreendimento do americano Chris Anderson, que organiza uma série de conferências pop pelo mundo. O cantor falou em fevereiro de 2013 sobre pobreza, mostrando gráficos que se moviam de maneira elegante e moderna pelo telão.
É bem verdade que boa parte do show foi dada por animações que devem ter sido feitas por programas como o After Effects, da Adobe, mas as transições fluidas cativaram a plateia e os investidores. O próprio Chris Anderson, fundador do TED, investiu no Prezi e, segundo Arvai, salvou o empreendimento. “Gastei o último centavo que tinha comprando passagens da Califórnia para Nova York”, diz ele. Chegando lá, a secretária de Anderson anunciou que um imprevisto tinha acontecido e o chefe estava indisponível. “Implorei para falar com ele e ganhei 20 minutos”, afirma Arvai, um rapaz franzino de 35 anos.
Foi mais ou menos o tempo de uma Ted Talk, mas valeu a pena: Arvai voltou a São Francisco com estimado US$ 1,5 milhão. O aporte de Anderson foi a senha para que o Prezi passasse a ser o queridinho do Vale do Silício para apresentações. “Foi a melhor propaganda possível”, afirma Arvai. Desde então, a empresa já recebeu outras três rodadas de investimento, totalizando cerca de US$ 71,3 milhões (sendo US$ 57 milhões em novembro passado) em investimento. Entre os que apostam na startup estão os fundos Sunstone Capital, baseado em Copenhague, a Accel Partners, um dos mais importantes fundos de tecnologia do mundo, com aportes no Facebook e Spotify no currículo.
Atualmente, o Prezi conta com 50 milhões de usuários, quatro vezes mais do que tinha em 2012. Desse total, 1,5 milhão está no Brasil, que tem uma versão em português desde setembro do ano passado. Há um mês, a companhia firmou parceria com a revendedora brasileira Software.com.br. O Prezi é global desde seu começo, mas opera num lugar sem tradição no mercado digital. A empresa tem um escritório comercial na Califórnia, mas sua sede fica em Budapeste. Arvai é filho de húngaros e relata ter sofrido preconceito na infância, passada em Estocolmo. “Húngaros não acreditam em si. Quis provar que era possível criar uma companhia de tecnologia por lá”, diz o empreendedor.