Nuvens carregadas se aproximam do mercado de servidores, computadores de grande porte utilizados por empresas para armazenar dados e sistemas. Mas, ao contrário do que possa parecer, isso não significa maus tempos para o setor. A chamada computação em nuvem, modelo em que a infraestrutura de tecnologia é oferecida como um serviço aos clientes, vem impulsionando as vendas dessas máquinas. Isso acontece porque, para oferecer esse tipo de serviço, as empresas de tecnologia precisam construir grandes centros computacionais capazes de abrigar enormes quantidades de dados provenientes de diversas empresas. Só no Brasil, nos últimos dois anos, mais de uma centena desses centros foi construída, segundo estimativas de mercado, o que fez a festa dos fabricantes.

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Nova ordem: para Denoel Eller, da HP, o modelo atual de computação é insustentável.

 

De acordo com a consultoria americana Gartner, o mercado de servidores faturou mais de US$ 52 bilhões no mundo em 2011. O valor é quase 8% superior ao registrado no ano anterior. “Para 2012, a expectativa é de que o crescimento continue”, diz Jeffrey Hewitt, vice-presidente da Gartner. Por aqui, não deve ser diferente. “O mercado de servidores brasileiros deve crescer mais de 10% em 2012”, afirma Alexandre Vargas, da consultoria IDC. No ano passado, o setor movimentou no País em torno de US$ 1,2 bilhão, cerca de 2% do mercado mundial. As boas notícias, no entanto, não significam que as fabricantes de servidores estejam apenas surfando nessa onda de investimentos. 

 

Ao contrário. As principais empresas do setor estão promovendo mudanças em seus produtos para adaptá-los à nova realidade do mercado. “O modelo atual de processamento tende a se tornar insustentável”, afirma Denoel Eller, vice-presidente da divisão de servidores da HP no Brasil. “Os requisitos de energia, espaço físico e intervenção humana necessários para garantir o funcionamento dos data centers são muito elevados”. A HP, que segundo o Gartner lidera o mercado global em número de máquinas (mas perde para a IBM em receita), fez três lançamentos, no final de fevereiro, que atendem aos requisitos relacionados por Eller. São servidores com menor consumo de energia e que dispensam as tarefas manuais de gerenciamento. 

 

Na IBM, a aposta é em softwares que permitem aumentar a capacidade instalada sem a necessidade de novos equipamentos. Isso é possível graças a uma tecnologia que transforma computadores físicos em virtuais. Assim, uma mesma máquina pode abrigar vários servidores virtuais. “A ‘virtualização’ aumenta a vida útil do servidor e diminui o espaço físico”, afirma Aníbal Strianese, executivo de vendas da IBM. A Big Blue acredita que, além dos fornecedores de serviços de computação, empresas que possuem grandes data centers vão construir suas próprias nuvens. Os bancos, por exemplo, não devem abrir mão do controle sobre o armazenamento de seus dados. 

 

É por esse motivo que, segundo Henrique Sei, diretor de vendas da Dell, existem dois tipos de data centers sendo construídos atualmente. Um é voltado para enormes volumes de dados, utilizados por empresas como Google e Amazon; o outro é voltado para organizações de grande porte que precisam de infraestrutura própria, como os bancos. No primeiro caso, a demanda é por equipamentos simples e que não quebram. No segundo, ganham destaque máquinas com mais recursos de gerenciamento e softwares que permitem se conectar a fornecedores de computação em nuvem. Os fabricantes, por sua vez, precisam entender as demandas dos clientes e oferecer cada vez mais, por menos dinheiro. Até porque, mais difícil do que alcançar as nuvens é ficar no topo do negócio.

 

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Colaborou: João Varella