12/02/2013 - 21:00
A TIM, segunda maior operadora de telefonia celular do Brasil, enfrentou uma série de problemas de infraestrutura no ano passado. As falhas em sua rede, que resultaram em um grande número de reclamações de seus clientes, motivaram a Agência Nacional de Telecomunicações a tomar uma medida extrema: em julho, ela proibiu a TIM de vender novas linhas de telefone em 18 Estados por cerca de um mês. Como se não bastasse, o presidente da companhia, o italiano Luca Luciani, foi afastado do comando da empresa para se defender de acusações de fraude em seu país de origem.
Fio da meada: Abreu terá de melhorar o serviço sem ameaçar
o crescimento da TIM
Para substituí-lo, a Telecom Italia, controladora da companhia brasileira, escalou seu conterrâneo Andrea Mangoni, membro do conselho da TIM. Mas o executivo anunciou, na terça-feira 5, que estava deixando o posto, apenas nove meses depois de assumir. Esse vai e vem de executivos escancarou as divergências no seio da administração da Telecom Italia. Diante do fracasso das duas últimas tentativas, a dona da TIM resolveu mudar a estratégia. O próximo presidente da operadora brasileira não será um italiano. Nem mesmo será um executivo com um histórico de boa administração em empresas de telefonia.
O escolhido foi Rodrigo Abreu, que presidiu no Brasil, pelos últimos quatro anos, a americana Cisco Systems, líder mundial da fabricação de equipamentos de telecomunicações. Formado em engenharia elétrica pela Universidade de Campinas, Abreu fez toda a sua carreira em empresas fornecedoras de infraestrutura para as operadoras de telecomunicações. O discreto executivo apresenta um perfil que indica o interesse da Telecom Italia em colocar a casa em ordem. O seu principal desafio será evitar uma desaceleração do crescimento da empresa, que preocupa os controladores, ao mesmo tempo que melhora os índices de qualidade dos serviços e de atendimento aos clientes.
Em seu balanço anual, divulgado no mesmo dia da saída de Mangoni, a TIM anunciou um crescimento de 9,8% da receita líquida em 2012, para R$ 18,8 bilhões. Ao mesmo tempo, registrou uma frágil expansão de 1,1% na receita de serviços e uma queda no faturamento com a telefonia fixa – uma grande aposta após a compra da Intelig, em 2009. O lucro, de R$ 1,5 bilhão, também foi bastante inferior aos R$ 2,2 alcançados em 2010. Antes de divulgar que deixaria a empresa, Mangoni afirmou, em teleconferência com analistas, que 2012 foi “um ano desafiador”. Para Abreu, 2013 não deverá ser tão diferente.