Quando assumiu o governo, em 2003, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou um empresário para auxiliá-lo no diálogo com o setor produtivo. No primeiro mandato, contou com a experiência e o bom trânsito de Luiz Fernando Furlan, na época acionista da Sadia. No segundo, o escolhido foi Miguel Jorge, que trabalhou na Volkswagen, foi vice-presidente do Banco Santander e era amigo de Lula desde os anos 1980. O economista mineiro Fernando Pimentel, escolhido pela presidenta Dilma Rousseff, tem em comum com o antecessor a proximidade com o titular do Planalto. 

 

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Os empresários reclamavam, no entanto, de que nem sequer conseguiam falar com o ministro. Com a saída de Pimentel para disputar o governo mineiro, nas próximas semanas, Dilma tem a chance de colocar novamente um empresário na pasta que é responsável pela política industrial, pelo comércio exterior e que, em tese, chefia o BNDES. Quem vem sendo cogitado para o posto é Josué Gomes da Silva, presidente da Coteminas. Filho do ex-presidente José Alencar, ele se filiou ao PMDB de Minas Gerais no ano passado, com o aval de Lula, mas não é reconhecido como uma indicação do partido. 

 

Nas últimas semanas, evitou aparecer. Numa entrevista no fim do ano passado, falou da “falta de previsibilidade e transparência” do governo, mas foi cauteloso ao avaliar a política econômica. “Talvez na vontade de fazer muito, alguns erros tenham sido cometidos, mas o mais importante é se dar conta e corrigir a rota.” Na semana passada, Dilma deu sinais de que espera um apoio do setor empresarial para a nomeação de Josué. Ele próprio pode ajudar a presidenta a resolver o impasse. A amigos, ele tem dito que prefere seguir a carreira do pai e entrar na política pela via parlamentar, candidatando-se a uma vaga no Senado.