Os principais atores da cena política, empresarial e cultural do País foram testemunhas, na quarta-feira 15, da força da democracia e da economia brasileira. Na festa da Editora Três, que premiou as 17 personalidades que se destacaram ao longo de 2010, estavam lado a lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o mais popular da história do Brasil, e sua sucessora, a presidente eleita, Dilma Rousseff – o último encontro antes da posse. “Lula fará falta”, disse Caco Alzugaray, o anfitrião da noite e presidente executivo da Editora Três. Diante de cinco ministros, dois governadores, deputados e prefeitos,  Alzugaray fez questão de lembrar que, oito anos atrás, no mesmo evento promovido pela editora, o então presidente, Fernando Henrique Cardoso, dividia o palco com Lula

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“Não acreditava no presidente Lula, mas acreditei no Brasil e agradeço a Deus por ter nascido aqui “

Edson de Godoy Bueno Empreendedor do Ano em Serviços

 

“Era um momento tenso, de especulação, de dúvidas e incertezas. Hoje, nosso presidente encerra uma era e nos despedimos de um dos líderes mais populares aqui e no Exterior.” Ao dar as boas-vindas a Dilma Rousseff, Alzugaray brincou. 

 

“Se a brasileira Dilma suportou a dureza da ditadura, imagina essas bobagens como crise mundial.”  Lula foi eleito o Brasileiro da Década e sua sucessora foi eleita Brasileira do Ano pela revista IstoÉ. 

 

Em tom de despedida, Lula não deixou de salientar o seu legado. “Puxa vida, como eu gostaria de ter herdado o País para governar depois do governo Lula”, disse o presidente, dirigindo-se a Dilma e lembrando que ela vai encontrar um país mais justo, democrático e solidário do que ele encontrou em 2002. 

 

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“O presidente Lula transformou o Brasil e o colocou no radar dos investimentos internacionais “

Eike Batista Empreendedor do Ano na Infraestrutura

 

Lula citou ainda que os avanços conquistados pela sociedade brasileira foram fruto da vontade de todos e não de uma única pessoa. E, sem perder a oportunidade, o presidente afirmou ter pensado que o Fundo Monetário Internacional nem existisse mais. 

 

“Só percebi que o FMI continua operando porque o Mantega (Guido Mantega, ministro da Fazenda) foi no meu gabinete dizer que a gente precisava emprestar uns US$ 14 bilhões para o fundo”, disse Lula, arrancando risada da plateia, formada por mais de mil pessoas. 

 

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“Pela primeira vez trabalhamos com uma classe média de quase 100 milhões de pessoas “

Luiz Lara Empreendedor do Ano na Comunicação

 

A partir daí, a despedida dava lugar para a descontração. Uma descontração que também podia ser traduzida por um misto de alívio e otimismo. Alívio porque o Brasil não apenas superou a crise econômica global como ainda se prepara para encerrar o ano com crescimento de 7,5% do PIB. 

 

O otimismo ficou por conta do compromisso da presidente eleita em dar continuidade à política econômica vigente. “Os avanços foram inegáveis, mas com consciência de que ainda há muito por fazer. Acredito no Brasil. Este é o nosso momento. Esta é a nossa década”, disse Dilma Rousseff. 

 

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“O novo governo começa com a necessidade de um trabalho efetivo na política tributária “

Roberto Lima Empreendedor do Ano na Telefonia

 

A confiança da presidente eleita foi compartilhada com os empresários presentes ao evento. “O País deve continuar muito bem no governo Dilma e ela já vem se mostrando muito competente na formação de seu Ministério”, disse o empresário Rubens Ometto, principal acionista do Grupo Cosan. 

 

Eleito o Empreendedor do Ano pela revista DINHEIRO, Ometto se mostrou otimista também em relação ao cenário econômico no médio prazo. “Os dois próximos anos devem ser excelentes para açúcar e álcool porque não vemos outros países aumentando a oferta de produtos e no Brasil também não há muitas usinas novas surgindo”, disse o empresário, que, neste ano, formou uma joint venture com a multinacional britânica Shell, o que transformou a Cosan num grupo com faturamento de R$ 50 bilhões. 

 

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“2010 foi um ano excepcional, mas precisamos de condições logísticas para seguir adiante “

Marcos Molina Empreendedor do Ano na Indústria

 

Outro premiado da noite, o empresário Edson de Godoy Bueno, principal acionista da Amil e eleito Empreendedor do Ano na área de serviços, foi bastante direto ao se referir ao governo Lula e também ao falar da futura presidente. “Não acreditava no senhor, presidente Lula. 

 

Mas acreditei no Brasil e agradeço a Deus por ter nascido aqui”, disse Bueno, para, em seguida, cumprimentar Dilma pela escolha da equipe. “Sobretudo pela escolha de Antônio Palocci (novo ministro-chefe da Casa Civil), um nome excepcional.” 

 

Homem mais rico do Brasil e dono da oitava maior fortuna pessoal do mundo, Eike Batista, Empreendedor do Ano na Infraestrutura, disse que o Brasil é o melhor lugar do mundo para investir. “Lula transformou o Brasil no queridinho do mundo inteiro e colocou o País no radar dos investimentos internacionais.” 

 

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“O País deve continuar muito bem no governo Dilma e ela já vem se mostrando muito competente “

Rubens Ometto Empreendedor do Ano

 

Reconhecer os feitos do governo que termina e mostrar confiança na gestão que se inicia dentro de algumas semanas não significa ausência de uma pauta de reivindicações por parte do empresariado. 

 

“E ela começa com a necessidade de um trabalho efetivo, por parte do governo, em relação à política tributária”, disse o presidente da Vivo, Roberto Lima, eleito Empreendedor do Ano no setor de telefonia. 

 

“Temos vários desafios pela frente e talvez o maior e mais urgente seja o de melhorar a infraestrutura. Crescemos muito em 2010, foi um ano excepcional, mas precisamos de condições logísticas para seguir adiante”, acrescentou o Empreendedor do Ano na Indústria, Marcos Molina,  dono de um dos maiores frigoríficos do mundo e que engordou o seleto grupo de marcas brasileiras globais com a internacionalização da Seara.