Mergulhado em uma longa e aguda crise, o portal americano AOL, que um dia foi o mais poderoso do mercado digital global, teve na semana passada um raro motivo para comemorar. A empresa vendeu 800 patentes e licenciou outras 300 para a Microsoft, o que proporcionou a entrada de US$ 1,1 bilhão em seus cofres. O valor corresponde à metade da receita da AOL nos últimos 12 meses. Nesse período o lucro foi de apenas US$ 13 milhões. “O acordo com a Microsoft representa o fim de um ousado processo de leilão para o nosso portfólio de propriedade intelectual”, disse Tim Armstrong, CEO da AOL. As duas empresas não deram detalhes da transação, mas analistas internacionais acreditam se tratar de patentes relacionadas a tecnologias de publicidade, busca e produção de mapas online, entre outras áreas. 

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Rindo à toa: Tim Armstrong, executivo-chefe da AOL, finalmente encontrou um motivo para sorrir  

 

O negócio animou investidores e acionistas e fez os papéis da AOL subir depois do anúncio, elevando o valor de mercado para US$ 2,3 bilhões. Desde 2009, o AOL tem buscado se reinventar como um provedor de conteúdo, com a criação ou compra de uma vasta gama de sites de mídia. Em setembro de 2010, a empresa comprou o TechCrunch, famoso blog de notícias de tecnologia, por US$ 30 milhões e, em fevereiro de 2011, o portal de notícias The Huffington Post por US$ 315 milhões. As compras permitiram à AOL expandir a criação de conteúdo próprio, frente que Armstrong aposta para reverter o declínio da operação na década passada. Embora a audiência do site tenha crescido, a receita ainda não a acompanhou na mesma velocidade. 

 

Para completar o quadro, o portal demitiu no ano passado cerca de mil funcionários (20% da sua força de trabalho). O preço elevado que a Microsoft pagou à AOL, cerca de US$ 1,3 milhão por patente, reflete o papel crucial que a propriedade intelectual desempenha na estratégia jurídica e de negócios das empresas de tecnologia, como Google, Apple, Samsung, além da própria Microsoft, entre outras.Em agosto de 2011, por exemplo, o Google fez uma oferta de US$ 12,5 bilhões para adquirir a Motorola, fabricante de celulares que detém mais de 17 mil patentes em seu portfólio. No mês passado, o Facebook comprou 750 patentes da IBM por um valor não revelado, logo após a gigante das redes sociais ser alvo de um processo movido pelo Yahoo! 

 

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