Um dos diferenciais da Uber, a polêmica startup que oferece serviços de transporte urbano, são os mimos oferecidos pelos motoristas. Ao entrar em um carro cadastrado na empresa, o passageiro tem à sua disposição água e balinhas. Essa regra, no entanto, está sendo deixada de lado por alguns dos seus parceiros. E mais: para se livrarem da taxa de até 25% cobrada pela empresa por corrida, alguns motoristas atropelam a ética no negócio e optam por meios alternativos de pagamentos, usando o aplicativo apenas para encontrar clientes – o que priva a Uber de qualquer receita.

“Converso com o passageiro e faço um abatimento na passagem”, disse à DINHEIRO um motorista, que não quis se identificar e usa sua própria máquina de cartão. “Eu e ele saímos ganhando.” Essa indisciplina de alguns motoristas, que não possuem vínculo empregatício, é a nova batalha que a empresa terá de travar para manter vivo seu modelo de negócios. Nos EUA, parceiros já fizeram manifestações e greves para ganhar mais. No Brasil, um protesto está sendo organizado por motoristas no Facebook. Eles querem paralisar o serviço por um dia, após a Páscoa. Pedem um aumento de 25% na tarifa.

Recentemente, a Uber alterou sua política de preços. Para aumentar a demanda, a tarifa caiu 15%. Bonificações oferecidas, como prêmios por trafegar em horário de pico ou boas avaliações, foram cortadas. “Eles diminuíram nossos ganhos em um momento em que a gasolina sobe”, diz o motorista Renato Nascimento.

Por meio de nota, a Uber afirmou que a diminuição de preço aumenta a demanda por veículos e os motoristas parceiros poderão até ganhar mais do que antes. Isso aconteceu em outras das 400 cidades em que o aplicativo é usado, como Nova York, diz a companhia. A percepção entre os parceiros, porém, não é exatamente essa. Para incrementar o número de motoristas cadastrados, ela liberou o uso de carros populares, como o Fiat Uno e o Ford Fiesta. “Às vezes, ficamos mais de uma hora esperando passageiros”, reclama outro motorista.

Outros problemas estão a caminho.  “Há montadoras se movimentando contra esse tipo de serviço, pois diminui a venda de carros”, diz Luiz Figueira de Mello, coordenador dos cursos de Engenharia na Universidade Presbiteriana Mackenzie. A GM, por exemplo, investe na também americana Lyft, concorrente da Uber. Como se vê, na tecnologia também não existe revolução sem lágrimas.