“Sabe quem são as pessoas mais competitivas do mundo?”, pergunta, animado, o executivo americano Rick Goings, CEO da Tupperware. “São os brasileiros.” Até mais do que seus conterrâneos, conhecidos por seu espírito competitivo? “Muito mais”, afirma. “Os brasileiros competem com o restante do mundo e entre eles mesmos.” Não é apenas o sol da Praia do Forte que estimula o otimismo de Goings, que esteve no Brasil, na quarta-feira 29, para uma convenção de vendas da empresa, que reuniu 1,2 mil pessoas.

Enquanto se tornou comum, nos últimos meses, executivos estrangeiros relatarem dificuldades em relação aos negócios de suas empresas no Brasil, o discurso de Goings representa um contraponto. “O Brasil está com força na cola para alcançar o nosso maior mercado do mundo, a Indonésia”, diz. “Há sete anos, estamos crescendo aqui a um ritmo de dois dígitos.” Essa sequência de resultados garantiu que a operação brasileira ultrapassasse a mexicana há um ano. No terceiro trimestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2013, as vendas em reais subiram 21%, mantendo a marca acima dos 20% já alcançada no primeiro semestre deste ano.

A sexagenária companhia americana faturou mundialmente, no ano passado, US$ 2,7 bilhões, dos quais US$ 370 milhões na América do Sul. No Brasil, a Tupperware opera uma fábrica em Guaratiba, no Rio de Janeiro. Os resultados brasileiros contrastam com os dos mercados desenvolvidos, que registraram queda de 7% das receitas, no terceiro trimestre. O destaque negativo ficou com o Japão, com 21% de declínio. O mais surpreendente no desempenho da empresa é sua insistência em fazer negócios apenas por meio das vendas diretas, sem apostar em comércio eletrônico ou no varejo tradicional. “Cada vez menos empresas apostam em vendas diretas puras”, diz Marcelo Cherto, consultor especialista em vendas.

“Mesmo a Natura e a Avon estão partindo para outros canais.” Essas grandes marcas de cosméticos investiram maciçamente na internet e já começam a apostar em vendas no comércio varejista, como forma de compensar a diminuição do contingente feminino brasileiro que se dedicava às vendas porta a porta e que foi para o emprego formal nos últimos anos. Entre 2007 e 2013, o varejo registrou um crescimento nominal de 103% e atingiu um faturamento de R$ 1,1 trilhão, no Brasil. Mas nas vendas diretas a expansão foi menor, de 92,8%, para R$ 31,3 bilhões. Esse crescimento menor do modelo de negócios direto aconteceu exatamente no momento em que a Tupperware acelerou sua expansão no País.