Dois projetos de logística estão sendo monitorados de perto pela iniciativa privada. Um deles é o Trem de Alta Velocidade (TAV), no valor de R$ 33 bilhões, patrocinado pelo governo federal, que promete ligar São Paulo e Rio de Janeiro em 90 minutos. O outro são os trens do governo paulista, para Santos, Sorocaba e Jundiaí, que devem sair do papel a partir de 2013. Com orçamentos de R$ 3 bilhões a R$ 6 bilhões cada, os trajetos paulistas estão ganhando mais ibope, porque devem começar a ficar prontos em três anos, e podem ser o empurrão para que o trem-bala da presidenta Dilma, previsto para 2020, entre nos trilhos. Empreendimento mais caro do Pro­gra­ma de Aceleração do Crescimento (PAC), o TAV tem enfrentado obstáculos. 

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Sem choque: Alckmin engavetou o Expresso Bandeirantes para não afrontar o trem-bala federal.

 

Além de ter a data de leilão adiada por três vezes, sofreu um golpe com o veto do Senado à recondução de Bernardo Figueiredo para o cargo de diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). A autarquia tem atrasado a definição do edital e do novo leilão, que deveria ocorrer em outubro. Já há pressões, porém, para que a lacuna ferroviária seja preenchida. O consórcio vencedor na privatização do aeroporto de Viracopos, em Campinas, por exemplo, é um dos mais interessados, pois uma linha de trem garantiria o fluxo de passageiros para o local. As empresas Triunfo, UTC e Egis, que formam o consórcio, já anunciaram um terminal ferroviário dentro do aeroporto. No projeto de São Paulo, entretanto, não está prevista uma linha até Campinas, alternativa contemplada no trem-bala federal. O projeto paulista mais avançado é o trem São Paulo-Jundiaí.  As obras devem começar no final de 2013.

 

Jundiaí está a menos de 40 quilômetros de Campinas, e estender os trilhos até lá seria mais fácil. “Faria sentido chegar a Campinas, pois mesmo quando o TAV ficar pronto, as linhas atenderiam a públicos diferentes”, diz Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária. Marco Contin, diretor-geral de transportes da Alstom do Brasil, diz que os dois projetos são complementares. “Será uma resposta importante a uma demanda já existente”, diz Contin. Na prática, a sugestão cria uma saia justa para o governador Geraldo Alckmin, que mantém uma política de boa vizinhança com a presidenta Dilma. Em seu segundo período no governo estadual (2002-2006), Alckmin chegou a esboçar um trem-bala entre São Paulo e Campinas, o  Expresso Bandeirantes. No entanto, o pré-projeto foi engavetado para não entrar em choque com o do trem-bala federal. Quem terá peito para desfazer esse nó logístico? 

 

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Expresso São Paulo: Destinos dos trens regionais do governo paulista