Polêmico. Esse é o invariável adjetivo aplicado a Fernando Heller, controlador da corretora TOV, que foi liquidada pelo Banco Central (BC) na quinta-feira 7. As razões apontadas pelo BC foram, principalmente, irregularidades em operações de câmbio. A TOV, segundo o BC, fechou contratos de transferências financeiras para o exterior de grandes valores, ligadas a clientes pequenos e que não operavam com comércio internacional. “A corretora celebrou também significativo número de contratos de câmbio manual com inconsistência na identificação de clientes”, informou o BC em uma nota. Não foi a única liquidação da semana.

Na sexta-feira 8, o BC também fechou as portas do Banco Azteca Brasil, ligado à rede de varejo Elektra, pertencente ao bilionário mexicano Ricardo Salinas. Segundo o BC, o banco apresentava desequilíbrio patrimonial de R$ 17 milhões. A situação da TOV vinha se complicando nos últimos meses de 2015, por ter sido citada por vários doleiros investigados pela Polícia Federal na operação Lava Jato. Segundo eles, a corretora facilitava a remessa de dinheiro para fora do Brasil por meio das chamadas “importações fantasmas”, em que uma compra fictícia justifica enviar recursos para outros países. A corretora também deixou de adotar as medidas exigidas pela lei para prevenir a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo.

O liquidante indicado pelo BC é o funcionário de carreira Tupinambá Quirino dos Santos. Os problemas da Lava Jato não foram os primeiros rolos envolvendo a TOV. Em julho de 2013, a corretora teve de pagar R$ 500 mil à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e contratar uma auditoria independente para extinguir diversos processos administrativos. A TOV foi processada pela CVM por irregularidades como usar recursos de terceiros para financiar a compra de ações por seus clientes, não respeitar a sequência de ordens de compra e venda para executar os negócios, manter registros incorretos e desatualizados e não informar que agentes autônomos eram vinculados a ela.

Heller também ficou conhecido por suas ruidosas divergências públicas com Edemir Pinto, presidente da BM&FBovespa. Em 2003, proprietário de uma corretora de câmbio, Heller gastou R$ 3 milhões para comprar o título de uma corretora de mercadorias e poder operar contratos na BM&F, então independente da Bovespa. O dinheiro foi gasto em vão, pois o Conselho da BM&F vetou o empresário. Agora, os bens de Heller estão indisponíveis. Procurada, a TOV não retornou os contatos da DINHEIRO.