A Copa do Mundo não é apenas o palco de algumas das partidas mais fantásticas da história do futebol. O evento, visto por bilhões de pessoas ao redor do planeta, consagrou-se também por ser um laboratório vanguardista, que põe à prova tecnologias que depois serão adotadas por grandes massas (confira as principais inovações no quadro abaixo). Não será diferente na edição deste ano no Brasil. Daqui a algumas semanas, duas tecnologias que podem movimentar montanhas de dólares na telefonia e na área de televisores nos próximos anos vão passar por seu teste de fogo: o 4K, de resolução de televisores, e o 4G, banda larga móvel de quarta geração. 

 

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Apesar dos nomes similares, uma não tem nada a ver com a outra. O 4K, por exemplo, refere-se ao padrão de resolução de monitores e televisores com quatro vezes mais definição que o HD. A principal fabricante de televisores a apostar nessa tecnologia no País é a Sony, que tem mais de 60% das vendas do segmento – no ano passado, cerca de 3,5 mil aparelhos 4K foram vendidos. Atualmente, a companhia japonesa oferece quatro modelos no País – três deles fabricados localmente. Essa quantidade deve dobrar até agosto. “A tecnologia 4K não tem volta, já se tornou o novo padrão de resolução”, afirma Sergio Buch, gerente da categoria de televisores da Sony. 

 

A empresa deve enfrentar a concorrência da coreana Samsung, que vai começar a produzir televisores 4K em Manaus. “Em ano de Copa, a sazonalidade muda e 60% das vendas do ano são feitas antes do campeonato”, afirma William Peter Lima, gerente sênior de produtos na categoria TVs da Samsung Brasil. A empresa estima que, somadas todas as marcas, 100 mil tevês 4K serão vendidas no Brasil neste ano. Para fazer as vendas deslancharem, os fabricantes terão de lidar com a falta de conteúdo para a nova tecnologia. A maioria dos televisores conta com simuladores que transformam resoluções inferiores em 4K. Mesmo assim, essa adaptação tem limites. 

 

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A regra é clara: fábrica da Samsung, em Manaus, que vai produzir

televisores com a tecnologia 4K

 

Para funcionar corretamente, a tevê precisa receber imagens em 4K. Ainda há pouco conteúdo nesse formato. O canal japonês NHK quer ser o primeiro no mundo a fazer transmissões de tevê aberta na resolução máxima, em julho deste ano. Procurada pela DINHEIRO, a Organizações Globo disse ter “algumas iniciativas” em estudo, sem especificar quais. O SportTV deve fazer transmissões em 4K na Copa do Mundo.Na web, plataformas como Netflix, Amazon e YouTube já anunciaram planos para a tecnologia. Mas aí há outro empecilho: a qualidade da banda larga. São necessários ao menos 15 Mbps para que a qualidade da imagem seja boa. No Brasil, a velocidade média de banda larga é de 2,4 Mbps. 

 

E POR FALAR EM CONEXÃO… Enquanto um olho fica na bola, o outro fica na telinha do celular. Um dos hábitos corriqueiros dos aficionados por futebol hoje em dia é acompanhar as partidas e os comentários que os amigos fazem nas redes sociais. Em locais onde não há wi-fi, o 4G, cuja velocidade pode ser até dez vezes maior do que a do 3G, promete ser a melhor opção de conexão. As operadoras já fornecem o serviço há pouco mais de um ano em algumas capitais. No Brasil, há 1,6 milhão de usuários da tecnologia 4G. Mas as cidades não estão completamente cobertas e há reclamações frequentes sobre a qualidade do sinal. Um dos principais entraves para a disseminação da tecnologia é o preço dos aparelhos compatíveis com o 4G. “Para o custo do celular cair, é preciso de volume mundial”, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco, especializada em telecomunicações. 

 

Incentivo que virá das operadoras. A Claro, por exemplo, passou a oferecer o serviço até mesmo para telefones pré-pagos. Com base nisso, a Teleco estima que haverá cinco milhões de usuários de 4G até o fim do ano no Brasil. No caso específico dos estádios da Copa, que terão grande concentração de aparelhos durante os jogos, as operadoras investiram R$ 250 milhões para montar um esquema exclusivo de cobertura, com antenas de transmissão especial para a área. No entanto, nem todas as arenas irão dispor dessa tecnologia. É provável que os atrasos nas obras de Curitiba e de São Paulo deixem as arenas do Atlético paranaense e do Corinthians sem essa novidade tecnológica. “Vamos tentar fazer a instalação das antenas nesses estádios, mas normalmente precisamos de 120 dias para isso”, diz Levy. Nas outras cidades, tudo vai dar certo, segundo Levy. É conectar para ver, afinal, #vaitercopa.

 

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