Um bom técnico sabe reunir talentos. A diversidade é o ingrediente necessário para uma equipe vencedora. Isso vale para os Exchange Traded Funds, ou ETFs, também conhecidos como fundos de índice. São carteiras fechadas, cujas cotas são negociadas na Bolsa como se fossem ações de empresas. Eles reúnem, com base em índices setoriais, papéis de determinados segmentos listados em bolsa. O desempenho de cada companhia ajuda no resultado final. Sucesso nos Estados Unidos, onde seu patrimônio cresceu 27,4% no acumulado do ano até outubro, subindo de US$ 1,2 trilhão para US$ 1,5 trilhão, os ETFs são uma boa alternativa para os investidores brasileiros, mas ainda engatinham por aqui. 

 

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Marco Avellaneda, professor de matemática da New York University, compara os ETFs com medicamentos genéricos. “Eles são vantajosos para o investidor que quer montar uma carteira de ações, na medida em que seus custos são menores, mas não são interessantes para os bancos, que não investem em sua divulgação”, diz Avellaneda. No Brasil, há atualmente 15 ETFs listados na BM&FBovespa. Nos dez primeiros meses de 2013 foram negociadas 418,3 milhões de cotas, crescimento de 0,4% em relação ao mesmo período de 2012. O volume financeiro, porém, foi prejudicado pela queda das ações. Até outubro trocaram de mãos R$ 21,9 bilhões em cotas, uma queda de 9,5% em relação aos R$ 24,2 bilhões do mesmo período de 2012. 

 

Entre os ETFs mais negociados estão o PIBB11, formado com ações da carteira da empresa de participações do BNDES, que replica o IBrX-50, e o BOVA11, que é vinculado ao Ibovespa. Em 12 meses, até 31 de outubro, o ETF que mais rendeu foi o BB Ações Carbono, administrado pela BB DTVM, do Banco do Brasil. Sua valorização foi de 10,18%. O fundo reproduz o Índice Carbono Eficiente, que inclui empresas que buscam reduzir a emissão de carbono, como Braskem, Itaú e Natura. “O segmento financeiro se destacou nesse índice”, diz Carlos Takahashi, da BB DTVM. Segundo Takahashi, a queda da bolsa, em 2013, prejudicou os ETFs ligados ao Ibovespa. 

 

Os negócios com ETFs vêm crescendo 38%

ao ano em média, desde 2008

 

“O índice está sofrendo bastante neste ano e apenas os ETFs diferenciados, como o vinculado ao índice de carbono, conseguiram ter melhor desempenho.” Para Takahashi o mercado no Brasil ainda é pequeno em função do hábito do investidor e dos canais disponíveis. “Temos um modelo com várias alternativas para o investidor, o que deixa os ETFs em segundo plano”, diz. “No longo prazo, porém, acredito que elas ganharão força por aqui.” Avellaneda, da New York University, orienta o investidor a fugir de índices que sejam atrelados a empresas como Petrobras e Vale. “O alto nível de intromissão do governo não faz dessas empresas uma boa opção”, diz ele. 

 

“Basta acompanhar como o Ibovespa tem se comportado no ano de 2013.” O especialista aconselha o investidor a olhar para a economia interna do Brasil e optar por ETFs vinculados ao consumo, que não sentem influência direta de fatores macroeconômicos. Para o próximo ano, Avellaneda não vê perspectiva muito diferente. Ele espera um cenário ruim para o Ibovespa e avalia que o investidor deve ficar atento ao comportamento do mercado. Embora considere, a exemplo de Avellaneda, que 2013 foi ruim para os ETFs, em comparação com 2012, Julio Ziegelmann, diretor de Renda Variável da BM&FBovespa, lembra que o crescimento desse tipo de investimento tem sido forte desde 2008, com avanço no volume negociado de 38% ao ano em média. 

 

“Os ETFs têm muito potencial no Brasil, especialmente como uma alternativa de investimento para pessoas físicas”, diz. Atualmente, 40% dos negócios com ETFs no Brasil são realizados por pessoas físicas, 25% são transacionados por investidores estrangeiros, outros 25% por instituições financeiras e 10% por investidores institucionais. Segundo Ziegelmann, em 2014 o investidor poderá contar com novas opções, como ETFs de setores de educação e a índices estrangeiros. “Já solicitamos à CVM autorização para lançar um ETF vinculado ao índice Standard & Poor’s”, diz.

 

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