29/12/2010 - 21:00
Depois do movimento anticíclico para reativar a economia, agora é a hora de segurar os gastos do governo para incentivar a economia privada e estimular os investimentos. É esta a tônica do Ministério da presidente eleita, Dilma Rousseff, que anunciou durante a semana os últimos nomes da equipe que governará o País a partir de janeiro.
A economia manteve o perfil técnico, mas agora com a promessa de governar com mais austeridade nos gastos e cumprir integralmente a meta de superávit primário de 3% do PIB, conciliando o crescimento com o cuidado com as contas públicas.
“Quando olhamos para a parte do ministério que toma as decisões para a economia, que define os rumos do País, os indícios são positivos. A outra parte, que não é estratégica, é definida pela barganha política”, avalia o cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise.
Entre a parte estratégica do governo, o principal nome é o de Antônio Palocci, ex-ministro da Fazenda até 2006 que agora volta ao governo como ministro-chefe da Casa Civil. Com trânsito fácil no setor produtivo, Palocci é visto como garantia de cinto mais apertado.
A equipe econômica propriamente dita continua com o comando de Guido Mantega na Fazenda, com mudanças em algumas secretarias. Nelson Barbosa, atual secretário de Política Econômica e muito próximo a Dilma, assume como secretário-executivo no lugar de Nelson Machado, desgastado após a indicação de Lina Vieira para a Receita Federal.
No órgão que cuida da arrecadação, entra Carlos Alberto Freitas Barreto, que foi secretário-adjunto na época de Jorge Rachid, quando a Receita era considerada mais técnica e eficiente do que atualmente.
Apesar de ter se comportado de maneira diferente nos últimos anos, Mantega já prometeu fechar a torneira dos gastos públicos. “Agora que a economia se recuperou da crise é o momento de reduzir os gastos”, prometeu o ministro.
No Banco Central, Alexandre Tombini marca a volta dos funcionários de carreira no comando da instituição e a expectativa é de que um economista do mercado assuma uma das diretorias. A mais cotada é Zeina Latif, economista-chefe do RBS Global Banking & Markets.
Entre os partidos, o PT foi o que mais cresceu no novo Ministério, acompanhando o aumento de sua bancada no Congresso – a primeira da Câmara e a segunda do Senado. O partido tem 17 dos 37 ministérios, e um orçamento de R$ 246 bilhões, três vezes mais do que o montante controlado pelo PMDB.
Com seis ministérios, o maior partido aliado terá um orçamento de R$ 84 bilhões para administrar. A surpresa do novo governo, em relação à campanha, foi a nomeação de mulheres para um quarto dos cargos da Esplanada. Serão nove mulheres, três vezes mais do que no atual governo.