12/01/2011 - 21:00
A turbulência do mercado financeiro em 2010 cobrou um preço elevado dos investidores em fundos de previdência privada. Nenhum dos fundos analisados pela Economática para a DINHEIRO obteve uma rentabilidade superior à dos juros de mercado medidos pelo CDI no período de 12 meses findos em 30 de novembro de 2010. Por isso, a seleção desses fundos foi feita tendo em vista apenas sua rentabilidade nominal, e não a relação entre o risco e o retorno. Os fundos não foram bem por dois motivos.
4% pode ser a taxa cobrada na aplicação ou no resgate dos benefícios, diminuindo os ganhos fiscais
O primeiro, nos fundos mistos, foi a bolsa de valores, que subiu apenas 1% em 2010. Nos fundos que contam apenas com ativos de renda fixa, as taxas de administração ficaram com uma fatia significativa dos rendimentos.
O mau desempenho recente assusta, mas deve ser relativizado pelo investidor. A aposentadoria é um tiro de longo alcance, que tem de ser pensada em um horizonte de dez anos no mínimo. “O tempo passa rápido e por isso é preciso se organizar financeiramente”, diz André Oda, especialista em fundos.
Quanto mais cedo se iniciar o planejamento para a aposentadoria, menores são as chances de que o tiro caia em um terreno desconhecido. Os fundos de previdência com bom desempenho nos últimos cinco a dez anos – peça os números de longo prazo ao seu gestor de confiança – ainda são uma alternativa melhor que a previdência social para quem almeja uma pensão mais robusta na aposentadoria.
Os alvos mais conhecidos são o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). A principal vantagem é que a mordida do Leão é mais leve. Se o investidor optar pelo regime de tributação regressiva, as aplicações após dez anos são tributadas em apenas 10%, a menor alíquota do mercado financeiro.
O IR só incide na hora do saque (o imposto é cobrado a cada seis meses em fundos tradicionais). “É preciso ter em mente que este é um benefício de longo prazo”, afirma Carolina de Molla, diretora da SulAmérica Investimentos.
Há planos oferecidos pelas empresas a seus funcionários como uma forma de retenção de talentos e para complementar a aposentadoria. Os especialistas recomendam que, se esse for o caso da sua empresa, invista o percentual máximo permitido no plano da companhia, o que ajuda a melhorar a pontaria.
“O plano para pessoa física dificilmente vai conseguir condição melhor do que o empresarial, que tem taxas melhores”, diz Mauro Guadagnoli, superintendente da Brasilprev.
O executivo Paulo Vaz, diretor da Software AG, vinculou-se ao plano corporativo em junho. “Tenho a comodidade de o pagamento ser descontado em folha e a empresa contribui, dobrando o meu aporte mensal”, diz.
Qualquer que seja sua opção, fique atento a alguns detalhes. Os planos de previdência privada cobram duas taxas, de administração e de carregamento. A primeira é um percentual cobrado sobre o valor investido, de 1% a 3% ao ano. A segunda pode atingir 3% ou 4% na entrada ou na saída. Quanto maiores as taxas, mais dinheiro será cobrado do investidor, reduzindo o alcance do tiro.