O impensável aconteceu. Um dos atores mais simpáticos e geradores de blockbusters subiu ao palco da cerimônia do Oscar e na frente de 16,6 milhões de espectadores deu um tapa no rosto do comediante Chris Rock, ele também um dos representantes mais queridos da comunidade de stand ups nos EUA. Tudo por causa de uma piada com o cabelo raspado da mulher de Smith, Jada Pinkett Smith, que sofre de alopecia, doença que provoca perda de cabelo. De volta a seu assento, Smith ainda usou palavrões para fechar o cerco a Rock, que seguiu o show profissionalmente. Esse tapa terá um custo, mesmo depois do ator de King Richard: Criando Campeãs ter subido novamente ao palco para receber seu Oscar pela atuação no mesmo filme. Uma imagem foi desconstruída com o episódio. Houve uma agressão física transmitida ao vivo, e o pedido de desculpas a Rock demorou: só aconteceu no final do dia seguinte. Smith não é mais só um ator. É uma marca, um símbolo de sucesso, um investidor em startups, criador de marcas ecológicas, um dos grandes nomes nas redes sociais e um produtor multiplataforma com sua empresa Westbrook Inc, junto da mulher e dos filhos, Willow e Jaden.

Smith vinha remodelando sua carreira depois de fracassos no cinema, em 2016. Inspirado no sucesso de Dwayne Johnson nas redes sociais e contratos com a Netflix, conseguiu o salário mais alto do streaming em 2017 (US$ 27 milhões) com o filme Bright, uma produção de US$ 100 milhões. O streaming pode ser o primeiro prejuízo do ator: a continuação de Bright já havia sido anunciada, mas talvez não vingue.

Seu salário fixo por filme é de US$ 20 milhões e Smith tem mais três filmes em pré-produção. Dependendo da punição da Academia (até quarta-feira, 30, à noite, ainda não havia decidido), talvez não saiam do papel. Agressão e palavrões ao vivo não colam bem na corretíssima Disney. Uma continuação de Aladdin e receber de novo US$ 12,5 milhões mais parte de uma bilheteria de US$ 1 bilhão (uns 5%, ou US$ 50 milhões)? Difícil. Sua produtora Westbrook tem vários investidores que podem pular fora. O viés ecológico da empresa, como a subsidiária Just Water, de água em caixinha sustentável, fica capenga com um garoto propaganda como Smith. Ele mesmo é investidor de várias startups (foi um dos primeiros a colocar dinheiro na Uber) e comprou por US$ 40 milhões o grupo de direitos autorais alemão Telepool. A Westbrook, até quarta-feira, três dias depois do Oscar, estava com o site fora do ar e Instagram repleto de mensagens provocativas.

Em quatro anos Smith dobrou seu número de seguidores para 62 milhões no Instagram — com esse número, pode fazer US$ 500 mil por post. Mas o crescimento pode perder força. E os 111 milhões no Facebook, como reagirão? A audiência do Oscar teve um aumento de 58% este ano, mas o tapa rendeu apenas 15 minutos com 3 pontos a mais de público — umas 500 mil pessoas. Em 2022, nem um tapa desses rende muita coisa…