Se boa parte da década passada reservou para a B3 uma era de ouro por causa de uma guinada de capital para a renda variável, momentos como o atual, de alta da taxa básica de juros da economia, a Selic, são sempre desafiadores. Em 2020, os juros estavam a 2% ao ano. Foi o fim de um ciclo favorável para a B3, com crescimento de 73,9% nas negociações de ações à vista. Já em 2022, quando os juros anuais chegaram a 13,75%, e devem terminar nesse mesmo patamar, tudo poderia ter dado errado para a empresa. O principal motivo é a fuga de capital da renda variável. O baque veio. E a reação, também. Agilidade que garantiu à B3 o prêmio de AS MELHORES DA DINHEIRO 2022 no setor Serviços Financeiros.

A empresa fez investimentos que somam cerca de R$ 440 milhões. “A nossa estratégia e esforço ao longo de 2022 tem sido na direção de manter a diversificação de receitas da B3”, disse à DINHEIRO o CEO da B3, Gilson Finkelsztain. As decisões estratégicas começaram a ser desenhadas assim que o ciclo de alta de juro se iniciou, há quase dois anos. Dentro dessa gama, estão aquisições importantes como a Neoway. A empresa de tecnologia com foco em dados foi incorporada no final de 2021 pelo valor de R$ 1,8 bilhão. Para o diretor-executivo Financeiro da B3, André Milanez, a compra da companhia abriu novas possibilidades no mercado de capitais.

GILSOM FINKELSZTAIN Empresa: B3. Cargo: CEO. Destaques na gestão: aquisição, diversificação de receitas e aceleração de políticas ESG. (Crédito:Divulgação)

“A nossa estratégia e esforço tem sido na direção de manter a diversificação de receitas” Gilson Finkelsztain, CEO da B3.

A proposta inicial era viabilizar sua plataforma de distribuição de dados, a partir da combinação de informações próprias e dados públicos do mercado, mas a empresa está indo muito além disso. “Lançamos no primeiro semestre de 2022 o primeiro produto desenvolvido com a Neoway, uma ferramenta que permite monitoramento de insider trader para as corretoras, bancos e asset managers”, afirmou Milanez. Outro intuito da aquisição é aumentar os produtos existentes no portfólio da Neoway. Com esse crescimento, a ideia é ampliar as receitas vindas da companhia, que podem, em momentos difíceis, tornarem-se decisivos no conjunto da B3. “Uma prova disso é que após a aquisição nossa receita com tecnologia cresceu de 10% para 16% do total”, disse Milanez.

A B3 também vai lançar novos produtos até o final do ano. O intuito segue o mesmo: diversificar as receitas. Um desses novos itens é o futuro do bitcoin, que vai proporcionar a aquisição de criptoativos de forma mais confiável. “Esse produto possibilitará que investidores façam hedges (proteções) de exposições”, disse. “Além de terem uma exposição ao mercado sem os grandes riscos de possuir a própria criptomoeda.”

ESG e expectativas E não foi apenas em termos de geração de receitas que a B3 fez de 2021 um ano particularmente decisivo. A empresa também tomou atitudes que visam trazer a equidade social. A companhia aplicou o programa Pratique ou Explique. A proposta é incentivar que as empresas listadas na Bolsa tenham ao menos uma mulher e um integrante de comunidade minorizada (pessoas pretas ou pardas, integrantes da comunidade LGBTQIA+ ou pessoas com deficiência) em seu conselho de administração ou diretoria estatutária até o início de 2023.

Atualmente, de 423 companhias listadas na Bolsa, aproximadamente 60% não têm nenhuma mulher entre seus diretores estatutários, e 37% não possuem participação feminina no conselho de administração. “Esse é um dos nossos programas para melhorar as estruturas sociais das empresas brasileiras de capital aberto ”, afirmou Milanez.

Já para 2023, o otimismo continua. O CEO da companhia de serviços financeiros, Gilson Finkelsztain, afirmou que a empresa continuará no mesmo caminho, em busca de disponibilizar soluções para os clientes na tentativa de ampliar a forma de geração de receitas. “Continuaremos focados em oferecer novos produtos e serviços no nosso negócio principal”, afirmou Finkelsztain. “Sempre acompanhando a sofisticação e o desenvolvimento contínuo do mercado de capitais brasileiro.”