04/12/2015 - 20:00
Uma das maiores disputas societárias envolvendo empresas brasileiras dos últimos anos chegou ao fim. Na terça-feira 1º, Benjamin Steinbruch, principal acionista e controlador da CSN, fechou um acordo com seus sócios na mineradora Namisa, liderados pela trading japonesa Itochu, que vai permitir a criação de uma gigante do setor, batizada de CSN Mineração, avaliada em US$ 16 bilhões e com capacidade de produzir 40 milhões de toneladas de minério de ferro anuais, o que a coloca entre as 10 maiores do mundo.
A nova companhia engloba as minas Casa de Pedra, da CSN, considerada a “menina dos olhos” de Steinbruch; Engenho, da Namisa; além de 18,6% da MRS Logística, de transporte ferroviário; e o terminal de embarques Tecar, também da CSN. A empresa brasileira ficou com 87,52% da CSN Mineração e o consórcio asiático com o restante. As disputas entre Steinbruch e seus parceiros na Namisa, que originalmente incluíam as japonesas Nippon Steel e Sumitomo Metals, com quem o empresário ainda tem assuntos não resolvidos envolvendo a Usiminas, se arrastavam há vários anos.
O desentendimento tinha como ponto central investimentos prometidos pelo brasileiro, que recebeu recursos dos sócios, mas não os realizou. “A nova mineradora se consolida como uma empresa de classe mundial”, afirmou a CSN, em nota. “Ela está posicionada como uma das maiores do mundo, com o quarto menor custo de produção e reservas estimadas em 3 bilhões de toneladas de minério de ferro de alta qualidade.” Steinbruch e seus sócios haviam estabelecido um prazo até dezembro deste ano para resolver a pendência.
Conhecido pela voracidade com que costumava ir às compras, o empresário brasileiro está, desde o início do ano, buscando acelerar a resolução das disputas em que está envolvido e tentando encontrar compradores para seus ativos. Endividada e enfrentando um período de vacas magras no mercado de commodities, a CSN corria o risco de se ver em maus bocados financeiramente. “Temos bons ativos, mas que não estão gerando o caixa necessário”, afirmou Steinbruch, em junho deste ano. A situação o levou a considerar até a vender a Casa de Pedra, dona da terceira maior jazida de ferro do País, mina pela qual passou quase uma década em uma intensa batalha judicial com a Vale para ter o direito de explorá-la, o que só conseguiu em 2009.
A jogada de Steinbruch e de seu diretor executivo, Paulo Caffarelli, foi de mestre. O mercado, no entanto, não se animou. No dia seguinte ao anúncio, as ações da siderúrgica caíram 3,1%. A dívida líquida da CSN estava em R$ 23,4 bilhões, ao final de setembro, o equivalente a 6,6 vezes seu Ebitda. “O contexto adverso que assola as siderúrgicas ainda perdurará por um bom tempo –, afirma o analista Bruno Piagentini, da corretora Coinvalores. “Não vislumbro melhora no desempenho da CSN no curto e médio prazo.”