18/12/2015 - 8:00
O executivo espanhol Juan Urruticoechea, presidente da Sodexo On Site, braço de serviços terceirizados da multinacional francesa, acredita que as grandes empresas podem cumprir todas as exigências da legislação trabalhista brasileira. Foco de descontentamento da maioria dos empresários, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) é considerada favorável demais aos empregados, colocando os patrões, muitas vezes, em situação difícil. Urruticoechea, no entanto, afirma que existem lugares ainda mais protecionistas.
Na Espanha, por exemplo, demitir um funcionário é quase impossível de tão caro, segundo o executivo. Sua posição justifica-se pelo fato de a Sodexo ser especialista, justamente, em “assumir” o problema dos outros. “Nosso negócio é terceirização de serviços e, para sermos bem sucedidos, temos de ser mais eficientes do que nossos clientes”, diz Urruticoechea. “Deixar de cumprir obrigações legais não é uma opção.” Mais conhecida no Brasil por seus serviços de benefícios, como vale alimentação, a Sodexo quer ampliar a presença na área de terceirização de serviços, como limpeza, manutenção, gestão de frotas e até operação de máquinas industriais.
Essa é uma área que representa mais de 90% do faturamento global da companhia, que foi de € 18,8 bilhões no seu último ano fiscal, encerrado em agosto. No período, a empresa viu seus negócios no País sofrerem um forte declínio, principalmente em virtude da crise econômica e de perdas de contratos em mercados como os de petróleo e mineração. Em parte, isso foi compensado pelo crescimento no segmento de saúde, para o qual a Sodexo oferece desde serviços de limpeza especializada, até nutrição clínica e hotelaria.
A estratégia de Urruticoechea para recuperar o terreno perdido é convencer os clientes de que terceirizar é mais barato. A empresa também busca conquistar novos mercados, em especial nos setores industrial e médico, entrando em nichos nos quais a terceirização não é muito adotada. A chamada área corporativa, focada em serviços para escritórios, será intensificada. A Sodexo faturou R$ 2,5 bilhões em seu último ano fiscal no Brasil, onde possui 35 mil funcionários. Alvo de uma lei aprovada na Câmara dos Deputados em agosto, que tramita no Senado, a terceirização é largamente utilizada no Brasil, movimentando mais de R$ 530 bilhões.
Segundo o Sideprestem, sindicato patronal que representa o setor, 70% das indústrias terceirizam alguma atividade. O número de concorrentes, no entanto, é um desafio para a Sodexo: são mais de 790 mil prestadores de serviço. Para elas, a CLT é, sim, um grande problema em tempos de recessão e pouco caixa. “Com a crise, muitas empresas pequenas vão quebrar por não conseguirem arcar com os encargos trabalhistas das demissões causadas pela perda de clientes”, diz Urruticoechea.