A japonesa Sompo Seguros, um dos maiores grupos seguradores do mundo, com prêmios de US$ 20,2 bilhões, concluiu, a aquisição da Yasuda Marítima com a troca de marca da companhia. Em 2009, a companhia adquiriu a Yasuda e, em 2013, finalizou a operação de compra da Marítima, num negócio que rendeu à família Vidigal cerca de R$ 510 milhões. Desde então, muitas mudanças vêm acontecendo na empresa, como a integração de sistemas, de pessoal e de culturas. Apesar de fazerem parte do mesmo grupo, Yasuda e Marítima ficavam em sedes separadas.

A justificativa é que uma estava no segmento corporativo e a outra, nos chamados seguros de massa (vida, automóveis e saúde). Nesse processo de arrumar e reunir os negócios, a Sompo mudou quase tudo, menos o seu principal executivo. “Unimos o melhor das duas culturas, mas esse processo foi lento”, diz o presidente Francisco Caiuby Vidigal Filho. “Precisamos, agora, recuperar o terreno.” Essa lentidão custou à Sompo a perda de participação no mercado brasileiro. De acordo com o ranking das seguradoras, elaborado pela entidade que representa os corretores, a Sencor-SP, a companhia caiu três posições, para a 13a colocação, com perda de 0,31% de participação, em 2015.

Embora tenha encolhido, a Sompo quase triplicou seu lucro líquido, de R$ 22,3 milhões, em 2014, para R$ 68,7 milhões, no ano passado. Parte desse desempenho é atribuída à redução de 9,1% nos prêmios pagos. A performance é resultado dos novos processos de subscrição, ou seja, de avaliação de riscos a serem cobertos, de precificação e do gerenciamento dos riscos. Essa estratégia é atribuída a Farid Eid Filho, que foi CEO da seguradora Ace, se juntou à Sompo em 2015 para cuidar do gerenciamento de riscos. Ele é um dos novos executivos que foram contratados no ano passado.

A seguradora japonesa promoveu uma grande transformação com a troca de equipe, que incluiu a demissão de antigos profissionais e a contratação de referências no mercado segurador. Além de Eid Filho, outros nomes da concorrência assumiram áreas estratégicas, como Adailton Dias, novo diretor de transportes, que veio da RSA Seguros. Entre janeiro e agosto, ele entregou um crescimento de 66,3%. “A companhia, que antes tinha um processo de decisão mais lento, intensificou treinamentos e deu maior autonomia aos funcionários”, afirma Edson Wiggers, diretor-executivo da resseguradora WillisRe.

Um exemplo disso é que, na última semana de setembro, os funcionários da área de transporte da Sompo passaram por um treinamento sobre a apólice de cobertura de toda a logística das operações da mineradora Vale, excluindo o modal ferroviário. O contrato foi fechado recentemente. Com prêmios de R$ 1,9 bilhão no Brasil, a Sompo está atenta às brechas deixadas pelas concorrentes. Enquanto muitos estão deixando a área de grandes riscos (apólices para engenharia), a seguradora japonesa acredita que esse produto vai impulsionar o crescimento do setor corporativo, por conta dos investimentos futuros em infraestrutura.

“Evoluímos na análise e precificação e diluímos os riscos entre as sete resseguradoras que atuam no País”, afirma o presidente. Entre janeiro e agosto, esse setor cresceu 193,6% na companhia. Além disso, a Sompo trabalha no lançamento de novos produtos, para mercados específicos. Somente em 2016, seis foram criados para automóveis de luxo, de vida para mulheres, a cobertura para escolas, clínicas e consultórios, apólice para caminhoneiros e outra para transporte. “Estamos olhando para nichos específicos no Brasil”, diz Vidigal Filho. No plano de Kiko, como o executivo é conhecido no setor, os pequenos detalhes fazem diferença.

Durante a transição de marca, os funcionários foram recebidos com tapete vermelho, quando a Susep aprovou a troca de nome da companhia, em julho deste ano. Em setembro, a Sompo criou seu próprio programa de bikes compartilhadas. Afinal, a poucos metros da nova sede da companhia está a avenida Paulista, que conta com uma ciclovia. Uma vez por semana, às sextas-feiras, food trucks estacionam na Sompo e transformam o pátio numa grande praça de alimentação. E, de tempos em tempos, até degustação de cerveja rola por ali. O clima amistoso não diminui a ambição nos negócios, que devem crescer 15% ao ano. Mas, para manter a expansão em dois dígitos, Vidigal Filho terá de pedalar.