Na quarta-feira 11, faltando apenas 24 horas para começar a Copa do Mundo, uma importante reunião em Buenos Aires deverá selar o futuro da balança comercial brasileira. Trata-se da assinatura do novo regime automotivo entre o Brasil e a Argentina, um instrumento que pode finalmente destravar as exportações de carros. “A expectativa é enorme”, diz Antonio Mega­le, diretor da Volkswagen e vice-presidente da associa­ção das montadoras (Anfavea) que estará na capital portenha. Foram meses de negociação para convencer a presidente Cristina Kirchner e sua equipe econômica a aceitarem o acordo, que é a principal aposta do setor automotivo para reverter a queda de 31,6% das exportações de veículos neste ano.

Em 2013, a Argentina foi o maior cliente do País, absorvendo 80% das vendas de carros. Para o governo brasileiro, o novo regime é a chance de virar o jogo da balança comercial, que acumula um déficit de US$ 4,85 bilhões nos primeiros cinco meses do ano. Outra aposta para reequilibrar o comércio exterior é a exportação de soja, cuja colheita se encerrou em abril e gerou embarques de US$ 3,8 bilhões nos cinco primeiros meses, ultrapassando a de veículos. “A soja ainda entrará forte na balança”, disse o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Daniel Godinho, na segunda-feira 2.

Apesar do resultado ruim registrado até maio, os economistas consultados pelo Banco Central esperam um saldo positivo de US$ 3 bilhões no final do ano. Para isso, o Brasil vai necessitar de sucessivos superávits mensais. “Do lado das importações, o principal desafio é reduzir a compra de combustíveis para atender às usinas térmicas, que estão a todo vapor para evitar um racionamento de energia”, diz Rafael Bistafa, economista da consultoria Rosenberg & Associados. No ano passado, os primeiros meses também apresentavam um cenário preocupante, mas a balança fechou no azul graças à exportação de plataformas de petróleo, que, na prática, nunca deixaram o Brasil. Em 2014, a salvação pode estar na caneta da senhora Cristina.