Foi notável o desempenho da economia brasileira até 2013, inclusive em meio à turbulência de uma das mais graves crises da história do capitalismo. Os principais indicadores, como o crescimento do PIB, balança comercial, crédito, superávit primário e índice de emprego, mostravam-se positivos, retroalimentando o nível de atividade e mantendo elevado o grau de confiança dos investidores nacionais e externos. A grande questão que se coloca no momento, ante a estagnação que vivenciamos nos dois últimos anos, refere-se às medidas e estratégias a serem adotadas para resgatar o crescimento sustentado, reconquistar a confiança dos investidores e do mercado e recolocar nossa economia num patamar de destaque no contexto global.

Com a reeleição da presidente Dilma Rousseff e a definição dos governadores e das novas legislaturas estaduais e federais, as atenções focaram-se nas expectativas para as definições de como o Brasil irá caminhar para restabelecer patamares mais elevados do nível de atividade e maior expansão anual do PIB. A grande pergunta é relativa à capacidade de reação do País. A resposta à importante questão passa, necessariamente, pelo setor bancário, cuja participação é crucial em todo plano de fomento. São muitos os aspectos que confirmam o significado do mercado financeiro para o sucesso do projeto de reaquecimento econômico.

O crédito ao consumidor, por exemplo, que foi a base do crescimento brasileiro nos últimos anos, precisará continuar dando sustentação à produção, ao comércio e ao baixo índice de desemprego, indicador este ainda preservado. Outro item relevante é o financiamento da infraestrutura, cujos grandes projetos deverão movimentar bilhões de reais e gerar milhares de postos de trabalho. É pertinente ressaltar que o Brasil precisa de mais investimentos, originários de poupança interna ou fluxos externos. É imprescindível que o País atenda às expectativas em termos de alternativas de financiamento, alavancagem e resultados, incluindo a recuperação da competitividade industrial.

O apoio financeiro a este desafio também é decisivo. Ou seja, é necessário ampliar o aporte de capital, com créditos seguros e condições adequadas de resgate. O atendimento às demandas que se espera do sistema financeiro nacional conta com um diferencial bastante favorável, que é a sua robustez. Essa virtude precisará funcionar como um pilar de sustentação para a retomada econômica. Nos últimos cinco ou seis anos, o Banco Central fez questão de ter uma atuação firme no setor, ditando as regras para o mercado brasileiro, adaptando-as às regulamentações globais e seguindo as orientações do BIS (Banco de Compensações Internacionais). Isso criou elevada proteção para os bancos, tornando-os mais blindados às crises externas.

Ao analisarmos friamente o sistema financeiro nacional, o fato é que existe um nível consistente de capital, enquanto estamos nos preparando para cumprir as regras do Acordo da Basileia III. Neste, o Brasil é uma das nações mais bem preparadas na América Latina. Considerando todos os itens anteriormente abordados, não é nenhum exagero afirmar que, apesar dos fatores de risco apresentados nos últimos dois anos somados aos recentes escândalos de corrupção, o Brasil está preparado para uma retomada econômica, na qual os serviços financeiros são estratégicos e fundamentais.

Com uma base consolidada e bem fundamentada, o setor bancário intermedeia as relações entre capital e investimentos. Assim, o Brasil tem tudo para voltar a crescer. Para isso, é necessária, apenas, uma comunhão entre as políticas de incentivo ao empreendedorismo, de modo a privilegiar os projetos produtivos e desestimular eventuais cirandas financeiras especulativas. Além, evidentemente, dos resultados positivos esperados no atual momento do País, que busca se desvencilhar da corrupção e instaurar um ambiente de negócios nos mais elevados padrões éticos.