09/01/2013 - 21:00
O “pibinho” de 2012 já ficou para trás e 2013 começou com uma expectativa de crescimento de, pelo menos, 3,3%. A criação de empregos continua em alta, o aumento real dos salários mantém o poder de compra do trabalhador, e os juros baixos podem estimular os investimentos e o crédito ao consumidor. É um cenário promissor. Mas até que ponto a inflação será mantida sob controle nessa retomada da atividade econômica? Ao que tudo indica, pelo quarto ano consecutivo a alta dos preços ficará acima do centro da meta de inflação, de 4,5% (veja gráfico ao lado). Na previsão do Banco Central (BC), o IPCA ficará em 4,8%. Os economistas do setor privado, ouvidos pelo BC, preveem um índice de 5,47%.
Alexandre Tombini, do BC: ”Iremos perseguir o cumprimento da nossa missão de assegurar
a estabilidade do poder de compra da moeda”
Nao é o fim do mundo, claro, pois está abaixo do teto da meta (6,5%). Ainda assim, merece cuidados, já que um soluço do dragão pode corroer o poder de compra e os investimentos. Entre os itens que vão pressionar o custo de vida dos brasileiros estão os combustíveis, que devem ter seus preços reajustados em breve, e as passagens aéreas, que subiram 11% em novembro e 17% em dezembro, conforme o IPCA-15, que faz uma prévia do indicador oficial da inflação. Além disso, os automóveis terão repasse da alta do IPI, que volta ao nível anterior até julho, e os alimentos perecíveis vão ficar mais caros por causa das chuvas de janeiro. Na avaliação da economista Tereza Fernandez, diretora da consultoria MB Associados, de São Paulo, se os preços subirem muito, o BC terá de aumentar a taxa de juros, atualmente em 7,25% ao ano.
“A presidenta Dilma sabe que inflação não ganha eleição”, diz Tereza. “Se houver algum risco de descontrole dos preços, ela manda subir os juros.” Há fatores, no entanto, que pesam a favor de um índice mais controlado. A redução de 20% no custo da eletricidade, a partir de fevereiro, é um deles. No cenário externo, a fragilidade da economia internacional deve manter o preço das commodities sob controle. O presidente do BC, Alexandre Tombini, aposta num ritmo mais moderado de reajustes dos salários e na expansão mais lenta do crédito, o que atenuará a pressão sobre os preços. E diz que o BC não relaxará sua vigilância: “Iremos perseguir o cumprimento da nossa missão de assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda.”
Colaborou: Luís Artur Nogueira