22/01/2016 - 20:00
Quem estiver surpreso com as mais recentes movimentações do BTG Pactual deve se lembrar que Pérsio Arida, presidente do Conselho de Administração, em recente entrevista à DINHEIRO, afirmou que agilidade e rapidez ditariam o ritmo de ajustes no banco. Este início de ano está provando que Arida não estava recorrendo à demagogia. Para reconquistar a confiança do mercado financeiro, a instituição antecipou a divulgação do balanço de 2015. Os números não auditados mostraram que a receita anual de R$ 10 bilhões foi 49,7% maior em relação ao mesmo período do ano anterior e o lucro líquido aumentou 35,3%, para R$ 4,6 bilhões.
“Esperamos novas melhorias significativas no curto e médio prazos com a a venda continuada de ativos e de participações em investimentos”, destaca o BTG, em relatório. A venda de ativos considerados não-estratégicos soma cerca de R$ 4 bilhões, como a participação na Rede D’Or, a alienação de 21,7% na BR Properties e a venda da Recovery. Nas próximas semanas, esse número deve aumentar. O Banco Pan deve ser desmembrado. O grupo segurador francês CNP Assurance está em tratativas exclusivas e pode fechar a compra da seguradora e da corretora nos próximos dias.
Os dois ativos são avaliados em R$ 1,3 bilhão pelo mercado. Outra negociação que pode ter um desfecho rápido é a venda do private banking suíço BSI. Após o J.Safra Sarasin desmentir as tratativas com o BTG, o bilionário grego Spiros Latsis, dono da EFG International, se apresentou como o principal interessado. O valor, porém, não deve superar o US$ 1,3 bilhão pago pelo BTG em setembro de 2015. O prejuízo de R$ 1,2 bilhão dos negócios não bancários do BTG no ano passado, uma perda quase 2,5 vezes maior que a do ano anterior, reforça a urgência em vender ou encerrar esses negócios.
Com 70% da rede varejista Leader Magazine (os outros 30% pertencem aos fundadores), a instituição financeira terá de enfrentar o pedido de falência aberto pela família Furlan por uma dívida não quitada de cerca de R$ 9 milhões. Os Furlan eram donos da rede Seller, vendida em 2013 para a Leader. Como a chance de recuperar parte desse investimento era baixa, a falência pode pôr um fim ao crescente endividamento da varejista, que ultrapassou R$ 1 bilhão. Outro negócio mal sucedido do BTG, a rede de farmácias BR Pharma vai receber e avaliar até o próximo dia 29 propostas de interessados (leia mais aqui).