Desde o início de janeiro, o cenário que se desenha para o fim de 2014 não é nada animador. Os prognósticos para a economia, que eram medianamente positivos no início do ano, recuaram sistematicamente desde então. Em seu primeiro levantamento, no dia 3 daquele mês, a pesquisa Focus, do Banco Central, indicava que as expectativas do mercado financeiro eram de um crescimento de 2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2014. No fim de agosto, essa estimativa havia recuado para 0,52%. As previsões para 2015 também pioraram.

No começo de 2014, a aposta do mercado para o ano que vem era de um crescimento de 2,5%. Essa estimativa recuou para 1,1% no mês passado. Nesse ambiente inóspito, os empresários e executivos que mantêm a confiança no Brasil e não se desviam das decisões de investir e ampliar seus negócios merecem louvores redobrados. Mais do que isso, merecem um prêmio em reconhecimento à sua persistência. Não por acaso, todos os contemplados na 11ª edição do anuário AS MELHORES DA DINHEIRO anunciaram que seus investimentos em 2014 iriam, no mínimo, reproduzir o total de 2013.

Concedidos no dia 28 de agosto, em uma cerimônia realizada no Citibank Hall, na zona sul de São Paulo, os troféus reconhecem as empresas que apresentaram o melhor desempenho em 2013, focado não apenas nos resultados financeiros. O prêmio concedido por DINHEIRO resulta da melhor pontuação seguindo uma avaliação bastante abrangente que engloba, além dos resultados financeiros, as políticas de recursos humanos, a governança corporativa, a responsabilidade social e ambiental e as políticas de inovação e qualidade.

Além do vice-presidente da República, Michel Temer, compareceram os ministros da Fazenda, Guido Mantega; de Minas e Energia, Edison Lobão; do Trabalho e Emprego, Manoel Dias; e os ministros-chefes da Secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, e da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco. O espírito empreendedor foi louvado por Temer. “É animador notarmos que existe um grande otimismo em produzir e em investir”, disse ele. Segundo Temer, ao lado de instituições democráticas e republicanas fortes, o crescimento da economia brasileira depende de uma classe empresarial dinâmica.

Nesse cenário, o próximo ocupante do Palácio do Planalto tem uma tarefa fundamental. “O novo presidente terá de comandar uma nova transformação do País”, avalia Caco Alzugaray, presidente-executivo da Editora Três. “Há um palpável anseio de modernização da economia”, disse ele. Em seu pronunciamento, o ministro Mantega destacou a pujança do mercado de trabalho, que permanece registrando os menores níveis de desemprego da história, e o ímpeto da economia brasileira, que cresceu 2,3% em 2013, ano dos balanços avaliados pela DINHEIRO.

“A desaceleração que estamos notando agora tem uma causa bastante clara: os problemas na economia internacional, que vêm atuando negativamente sobre o Brasil”, disse Mantega. Mesmo assim, o ministro reiterou sua confiança no futuro. “É engraçado falar em crise quando o Brasil deverá receber US$ 60 bilhões em investimento estrangeiro direto”, disse ele. “Se isso não for uma demonstração de confiança no presente e no futuro do Brasil, eu não sei o que é.” Como um mantra de seu otimismo com relação ao futuro do País, os premiados afirmaram que suas iniciativas transcendem eventos que podem assustar a maioria dos empresários, em especial o calendário eleitoral.

A Fibria,do grupo Votorantim, premiada como a melhor empresa de papel e celulose neste ano, é um dos maiores conglomerados industriais do País. Seu faturamento, que deverá ficar em R$ 6,7 bilhões em 2014, depende diretamente do comportamento da economia. E, mais ainda, depende de que o candidato ou candidata que venha a ocupar a Presidência da República, a partir de janeiro, mantenha uma relação amigável com o agronegócio. Mesmo com a incerteza das urnas, Marcelo Castelli, presidente da Fibria, mantém o moral elevado. “Estamos em uma indústria intensiva em capital, e nossos investimentos previstos para 2014 são de R$ 1,5 bilhão”, diz ele.

“Em 2015, no mínimo, vamos manter o que estamos fazendo neste ano.” Para Castelli uma eventual vitória da candidata Marina Silva (PSB), cuja trajetória de militante ambiental já a colocou em rota de colisão com o setor agrícola, não vai alterar os planos. “Pode causar alguma turbulência, mas vamos continuar trabalhando e investindo.” Essa convicção encontrou eco nas palavras de Sônia Hess, presidente da tecelagem catarinense Dudalina, escolhida a melhor empresa do setor têxtil. “Vamos crescer, vamos aumentar os nossos investimentos sem dúvida nenhuma”, disse ela. “Não podemos parar de investir, pois quem para, quando vai ver, já passou o tempo.”

Incluindo-se a Fibria, que divulgou uma estimativa para 2014, outros quatro premiados – Comgás, Cielo, Whirlpool e a cooperativa agrícola Coamo – confirmaram investimentos totais de R$ 3,75 bilhões para 2014, além de preverem a manutenção dessas cifras para o próximo ano (leia entrevistas exclusivas no site da DINHEIRO). Aldemir Bendine, presidente do Banco do Brasil, recebeu o troféu de empresa do ano das mãos de Caco Alzugaray e de Michel Temer. Em seu breve discurso, Bendine saudou o desempenho e os esforços dos 120 mil funcionários do BB, segundo ele os verdadeiros merecedores do prêmio conferido por DINHEIRO. “São eles que, diariamente, levam a missão do banco aos 5.570 municípios brasileiros”, disse Bendine.

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