Quando recebeu a proposta de largar o emprego que ocupava havia quatro anos na IBM para abrir sua própria companhia e gerenciar um projeto no Unibanco, o carioca Benjamin Quadros ficou inseguro. Afinal, em 1993, aos 25 anos de idade, era um profissional talentoso, formado em ciências da computação pela Universidade Federal Fluminense, mas sem experiência na gestão de uma empresa. Para complicar, o projeto devia durar apenas um ano. Ao final desse período, Quadros teria de procurar novos clientes. “Eu era a minha própria empresa”, diz Quadros. “Tinha de fazer tudo sozinho.” Menos de duas décadas depois, ele tem poucos motivos para arrependimento. 

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A força dos cifrões: o segmento bancário responde por dois terços do total

de faturamento da BRQ, de Quadros.

 

A BRQ, fundada para tocar o projeto do Unibanco, faturou R$ 350 milhões em 2011, com unidades em cinco Estados brasileiros e uma filial em Nova York. Na área de aplicações para instituições financeiras, a participação da BRQ está em 14%. A da IBM , em 9%, segundo estudo da consultoria de tecnologia americana IDC. A expansão da BRQ ainda se sustenta principalmente na área bancária. Embora atue em óleo e gás e telecomunicações, os serviços para bancos ainda representam 65% do faturamento. Um dos motivos para isso é o volume financeiro movimentado pelas instituições financeiras. Segundo a IDC, os bancos investem R$ 22 bilhões por ano em tecnologia. 

 

Desse total, cerca de R$ 1,4 bilhão vai para aplicações, foco de atuação da BRQ. Outra receita para crescer é a compra de empresas. Em cinco anos, adquiriu quatro empresas. Uma delas foi a americana Think International, de Nova York, arrematada, em 2010, para servir de entrada no mercado dos EUA. Mas o mercado americano se mostrou mais complexo do que o esperado. O objetivo era crescer 200% ao ano por lá. O número final, no entanto, foi apenas 10% do pretendido. Motivo: a concorrência vinda da Índia. “Os indianos comandam a maior parte das divisões de tecnologia das empresas americanas”, afirma Quadros. “Pela proximidade cultural, eles preferem comprar as aplicações na própria Índia.” 

 

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