Quem aplica em Fundos de Investimento Imobiliário (FII) reclama quando os juros sobem. Isso derruba as cotações no pregão da B3 e torna a rentabilidade do FII comparativamente pior que a de outras aplicações de renda fixa. Porém, essa regra tem exceções. Algumas carteiras conseguem preservar os ganhos dos cotistas mesmo em tempos de juro alto. “Os fundos imobiliários que investem em títulos de renda fixa ligados ao mercado imobiliário costumam entregar rendimentos acima da taxa Selic”, disse o CEO da Ouro Preto Investimentos, João Peixoto Neto.

Conhecidos popularmente como FII ‘de papel’, essas carteiras não compram imóveis diretamente. Seus gestores optam por Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e outros títulos. A rentabilidade normalmente é um prêmio acima da inflação e os rendimentos são isentos de imposto. “Isso facilita que o rendimento do fundo supere os juros”, disse Peixoto Neto.

Nem todos os fundos, porém, conseguem essa proeza. Para saber quais são os produtos capazes de superar a Selic, DINHEIRO conversou com analistas de mercado, que recomendaram sete carteiras (quadro ao lado). Desse total, seis investem em CRI e o sétimo é um ‘fundo de fundos’, que aplica em produtos de diversas gestoras.

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“As carteiras que investem em títulos, os chamados ‘fundos de papel’, têm mais possibilidade de render acima da Selic” João Peixoto Neto CEO da Ouro Preto Investimentos.

O analista da Toro Investimentos João Freitas recomendou comprar quatro fundos do segmento de papel. O primeiro foi o VBI CRI, da gestora VBI e negociado na B3 com o código CVBI11. De acordo com Freitas, os gestores têm sido competentes de escolher CRIs com risco baixo de crédito. “O portfólio está dividido assim: 80% em títulos corrigidos pelo IPCA e que pagam juros, e os 20% restantes em papéis indexados ao CDI.” Em junho, o fundo rendeu 1,35%. Anualizado, esse rendimento é de 17,5% ao ano, bastante acima dos 13,25% da Selic. Pelas contas de Freitas, é provável que essa rentabilidade se mantenha até o fim de 2022.

Seguindo essa mesma linha de fundo de papel que busca rentabilidade com inflação e CDI, o analista também recomendou a compra do Kinea High Yield (KNHY11). Para ele, o investimento tende a render 16,9%. No entanto, ao ser denominado ‘high yield’, o fundo indica que os gestores podem adotar estratégias mais arriscadas, o que tende a amplificar a volatilidade das cotas. Já o analista da Dividendos.me Guilherme Gentile recomenda o REC Recebíveis, com o código RECR11. Ele classifica o fundo com um risco moderado.

Quem busca uma alternativa menos arriscada pode seguir outra recomendação de Gentile. Ele sugere o fundo Mauá Recebíveis Imobiliários, negociado como MCCI11. “Esse fundo é mais conservador, pois investe em CRIs com um risco menor”, afirmou Gentile. No entanto, isso não deve ser visto como um sinal de rentabilidade baixa. O analista disse acreditar que se os pagamentos ocorrerem como o esperado o investidor deve ter rendimento entre 14% e 15% nos próximos 12 meses.

RISCOS Rentabilidades superiores a 17% ao ano e, ainda por cima, isentas de imposto podem ser uma alternativa excelente para o investidor, pois superam não apenas a inflação como também os juros de mercado. Porém, como em qualquer aplicação financeira, há riscos. Diferentemente dos Certificados de Depósito Bancário (CDB) e de outros ativos lastreados por imóveis, como as Letras de Crédito Imobiliário (LCI), os fundos imobiliários não têm essa garantia. “Se a empresa que emitiu o CRI não honrar os pagamentos, o investidor está desprotegido”, disse Gentile, da Dividendos.me.

Assim, a recomendação é que o investidor não tenha apenas fundos imobiliários como suas aplicações de renda fixa, mas que diversifique com CDB ou os títulos do Tesouro Direto remunerados pela inflação. Ou mesmo procure FII que não se restrinjam a títulos. Freitas, da Toro, recomenda a compra do fundo Brasil Plural Absoluto, com o código BPFF11. “O fundo investe em fundos de recebíveis e de tijolo, o que diminui os riscos.”