A disputa entre euro e dólar pela liderança do campeonato dos rendimentos, em 2013, tem sido emocionante. Até o fim de novembro, o placar marcava uma alta de 17,2% para a moeda europeia, ante a valorização de 13,6% da divisa americana. O dólar oscilou em uma faixa ampla, chegando a R$ 2,45 em agosto e recuando para R$ 2,17 em outubro. Os solavancos no câmbio foram influenciados principalmente pela recuperação da economia dos Estados Unidos e da sinalização de uma possível retirada de estímulos monetários por parte do Federal Reserve (Fed), o banco central do país. 

 

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Gorak Shep, Nepal: o povo do pequeno vilarejo, na base do Monte Everest,

é mais conhecido pelas habilidades no montanhismo do que no futebol 

 

Para conter a depreciação do real, o Banco Central do Brasil (BC) vem realizando, desde agosto, leilões para aliviar a alta da moeda americana. A expectativa é que até o fim do ano sejam vendidos US$ 60 bilhões ao mercado. Nesse contexto, não surpreende que os fundos cambiais tenham sido um bom negócio nos últimos 12 meses. No primeiro semestre, eles renderam 8,44% e lideraram as aplicações financeiras. Em novembro, os fundos cambiais foram o melhor investimento do mês, com retorno médio de 2,79%, segundo a Associação Brasileira dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima). 

 

De acordo com a empresa de análise de dados Economática, dentre os fundos cambiais com a melhor relação entre risco e retorno a liderança ficou com o BB Cambial Euro, que rendeu 14,36%, e com o BB Cambial Dólar, com valorização de 10,62%, ambos geridos pela BB DTVM, administradora de recursos do Banco do Brasil. Segundo Carlos Takahashi, presidente da companhia, o cenário internacional favoreceu os fundos em dólar. “A oscilação em 2014 deve ser mais suave que a deste ano e os rendimentos vão depender mais do cenário para o dólar”, diz ele. Para Takahashi, esses fundos devem ser vistos como proteção para os compromissos em moeda estrangeira e não apenas como meio de obter rendimentos.

 

Eduardo Coutinho, professor do MBA de Finanças do Ibmec/MG, não recomenda esse tipo de investimento. Ele lembra que as moedas estrangeiras, principalmente o dólar, são voláteis e de difícil previsibilidade, não adequadas para o pe­queno investidor. Michael Viriato, professor de economia do Insper, concorda com Coutinho, ressaltando que apenas os investidores de grande porte podem ter vantagens em diversificar suas aplicações em fundos cambiais, principalmente se tiverem contas em bancos fora do Brasil. “Nesse caso, o melhor negócio é aplicar diretamente no banco, obtendo, além da variação do dólar, a remuneração dos recursos investidos”, diz ele. “Mas essa estratégia só funciona para o investidor que, além de ter recursos disponíveis, viaja frequentemente para fora do Brasil.” 

 

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