23/03/2013 - 21:00
O dia 11 de fevereiro de 2013 tinha tudo para ser apenas mais uma segunda-feira de Carnaval, sem grandes emoções para os empreendedores Leandro Ferrari e Carlos Henrique Beraldo, sócios da Moedas Comemorativas, empresa paulistana de pequeno porte, especializada na produção de artigos para celebrações, como moedas, broches e pingentes. Afinal, no começo do ano, já podiam considerar-se com a vida ganha. Eles são fornecedores da Jornada Mundial da Juventude, evento da Igreja Católica, que acontece no Rio de Janeiro a partir de 23 de julho, cuja expectativa é receber mais de 2,5 milhões de pessoas.
Ferrari: “Agora vamos nos esforçar para vender o que temos”
Um dos destaques da empresa seria uma série limitada de dez mil moedas de prata envelhecida e mil moedas com acabamento de ouro 24 quilates com o rosto do papa Bento XVI. Mas a Quarta-Feira de Cinzas chegou com dois dias de antecedência para Ferrari e Beraldo, antes mesmo que silenciassem os tamborins, com o anúncio da renúncia do pontífice alemão naquela manhã. “Imagina como eu fiquei”, diz Ferrari. “Nem sabia que o papa podia renunciar.” Justifica-se o desconhecimento. A última vez que um papa renunciou aconteceu há quase 600 anos. A saída de Bento XVI do comando da maior igreja cristã do mundo se transformou em um grande mico para a Moedas Comemorativas.
“Nos dias seguintes à renúncia até tivemos um pico de venda”, afirma Ferrari. “Vamos nos esforçar para vender o que temos.” O preço da moeda de prata, que era de R$ 79, foi reduzido para R$ 50. Ferrari tenta, agora, vender o estoque em kits em que a moeda com o rosto de Bento XVI é um dos itens. “Achamos que conseguimos liquidar tudo”, diz Ferrari, que tinha planos de fazer outros lotes com as moedas. Com todos os itens relacionados à Jornada, como broches e pingentes, a previsão é faturar R$ 300 mil. A Moedas Comemorativas corre agora contra o tempo.
Para fazer as peças com a figura de Bento XVI, Ferrari pediu autorização para o Vaticano em junho do ano passado. Só recebeu uma resposta positiva sete meses depois. Agora, acredita que não haverá tempo hábil para conseguir a autorização para cunhar moedas com o rosto do papa Francisco, eleito em 13 de março. “É um processo muito burocrático, que não está afinado com o trabalho comercial realizado pelas empresas que querem usar a imagem no novo papa”, afirma Ferrari. Mesmo assim, o empreendedor diz que não perdeu a fé. A empresa buscou o Vaticano para saber se a autorização que possui vale para a exploração da imagem do papa Francisco.