A gora é oficial: conforme antecipado por DINHEIRO, o banco Santander vai participar da disputa pelos ativos do HSBC no Brasil. Jesús Zabalza, o executivo espanhol que preside o Santander por aqui, confirmou a intenção na manhã da terça-feira 19, durante uma entrevista coletiva na sede do banco, em São Paulo. “O processo ainda está muito no início, mas vamos participar”, disse ele. “Temos um patrimônio de quase R$ 60 bilhões e o patrimônio do HSBC é de R$ 8 bilhões, por isso não teremos dificuldades para absorver o banco.”

A venda do HSBC do Brasil é esperada pelo mercado desde o início do ano. Ao apresentar os resultados de 2014, no dia 23 de fevereiro, o inglês Stuart Gulliver, CEO global do banco, anunciou que teria de encontrar uma solução paras as unidades deficitárias do Brasil, do México e dos Estados Unidos, e que as alternativas seriam discutidas na divulgação do novo plano estratégico, marcada para o dia 9 de junho. No entanto, ainda no fim de abril, circulou pelo mercado financeiro londrino que o Goldman Sachs havia sido contratado para preparar a transação.

“O HSBC tem ganhado pouco e vem perdendo dinheiro no varejo”, diz o analista britânico Gary Greenwood, da gestora de recursos britânica Shore Capital. “Ele já vendeu cerca de 77 subsidiárias em todo o mundo, e ainda precisa fazer mais.” As sinergias do Santander com o HSBC são maiores do que as dos líderes privados nacionais, Bradesco e Itaú Unibanco. Com a menor rede dentre os grandes, 2.640 agências em dezembro, segundo o Banco Central (BC), o Santander poderia aproveitar melhor as 854 unidades do concorrente britânico. No entanto, ele não deve ser o único candidato.

Greenwood avalia que o chinês Industrial & Commercial Bank of China (ICBC), um dos maiores bancos do mundo, pode querer expandir as atividades por aqui, seguindo o aumento das relações comerciais entre os dois países. Outra alternativa é que o HSBC venda fatias de seu negócio, como a gestora de recursos – um candidato potencial seria o BTG Pactual – ou parte da rede de agências, permanecendo apenas como um banco de atacado. Os bancos não comentaram.