Tornar-se referência no mercado brasileiro de arquitetura&decoração não é tarefa fácil para nenhuma marca, já que o Brasil é reconhecido globalmente pela alta qualidade e intensa criatividade nesse campo. Tornar-se referência com apenas dois anos de vida, então, é conquista para poucos. Nesse restrito patamar está a Eco Flame Garden, que começou sua trajetória com lareiras para espaços de áreas de fogo em jardins. A empresa criada por Rubens Stuque, 28 anos, e Mateus Ferrareto, 25 anos, teve investimento inicial de R$ 3 mil e deve fechar 2022 com faturamento de R$ 30 milhões ­— majoritariamente com vendas feitas apenas no Instagram e no WhatsApp. “Tivemos algumas sacadas em tempos importantes e tomamos decisões identificando a necessidade do mercado”, disse Stuque.

E que sacadas! A Eco se consolidou como referência de Marca Vertical Digitalmente Nativa, as DNVB, empresas que já nascem digitais no seu modelo de atuação. “Para isso, conhecer o cliente é essencial”, disse Stuque, que é engenheiro civil e antes trabalhava para construções de imóveis de luxo no interior paulista. Conhecer o cliente envolve muita tecnologia e uso de dados e foi crucial para construir uma comunicação direta com os clientes nas redes sociais. Isso atinge desde o consumidor mais jovem, que também é um nativo digital, até os de outras faixas, que transformaram seus hábitos de consumo, em especial após a pandemia.

No final de 2020 surgiram os tachos, espécie de cuia de ferro para colocar lenha, produto que fez disparar os resultados. O portfólio se expandiu para quase meia centena de itens e inclui, além das lareiras, linha jardim, linha piscina e até uma linha pet. Ferrareto, um dos cofundadores, é arquiteto e lembra de um momento decisivo na curta história da empresa. “Percebemos que o jardim não é algo estático e que os móveis para esse segmento podem e devem se movimentar”, afirmou.

TRAJETÓRIA FULMINANTE Mateus Ferrareto (abaixo à esq) e Rubens Stuque criaram uma empresa voltada para os novos tempos e hábitos, que aliam consumo e sustentabilidade. (Crédito:Bruno Van Enk)

Entender o novo comportamento no segmento da decoração foi chave na aceleração da empresa. Hoje, 95% das vendas são para clientes finais — uma diferenciação em relação aos concorrentes, que majoritariamente estão voltados para o B2B. Para atender a demanda, a empresa tem mais de 80 funcionários e 150 colaboradores indiretos. Ao lidar com o consumidor final, a grande vantagem é conhecer profundamente seu público. “O cliente pode ser atendido por WhatsApp por um arquiteto que monta em real time áreas e lounges para suas casas”, afirmou Ferrareto. Stuque complementa: “Como nos comunicamos diretamente com o consumidor final, sabemos o que ele quer e quais são suas necessidades, então desenvolvemos soluções para esse cliente final.”

LOJAS Mesmo com a proposta de focar no virtual, a empresa decidiu abrir lojas físicas que funcionam como show room. O motivo, segundo Ferrareto, é que alguns clientes ainda não têm confiança nas compras 100% virtuais. “Ver o produto on-line e testá-lo presencialmente gera mais conforto”, disse ele. O objetivo é abrir pontos estratégicos no estado de São Paulo e Sul do País.

A estratégia de expansão contempla entrar na linha hoteleira e o mercado externo. Tudo ancorado numa cultura de trazer propósitos e pensar em legados. No caso da Eco, foi pensada uma solução para minimizar o impacto das redes de pesca, que correspondem a mais de 85% do lixo plástico nos oceanos. Foi desenvolvida uma linha de móveis fabricados com as redes perdidas e abandonadas nas praias do País. O projeto tem apoio de ONGs parceiras, como o tradicional Projeto Tamar, que ajudam na coleta dos resíduos utilizados nos processos de confecção dos estofados, disponíveis em sete modelos. A cada item vendido, 5% do valor será doado para o projeto. Além disso, a Eco vai reformar os espaços da base do Projeto Tamar na Praia do Forte, no litoral norte baiano. Esse é o jeito Eco de pensar e fazer negócios.