Corrida sempre foi o core da Asics, empresa japonesa de artigos esportivos criada em 1949. Nesses 74 anos de história, correr é um verbo que faz ainda mais sentido atualmente para a companhia que trabalha para retomar o fôlego perdido nos últimos cinco anos. O rendimento da marca já não estava sendo bom antes mesmo da pandemia. Após registrar receita global de US$ 3,04 bilhões em 2017 (conversão de iene para dólar feita na quarta-feira, 8), os anos seguintes foram de queda até chegar ao faturamento de US$ 2,5 bilhões em 2020. Recuperou-se em 2021, com vendas totais de US$ 3,07 bilhões, com lucro líquido de US$ 116 milhões. Apesar de o balanço do ano passado ainda não estar fechado, a expectativa é de crescimento, alcançando o melhor resultado dos últimos dez anos. A performance foi boa na maioria dos países e o Brasil tem sido um dos pilares dessa retomada. Por aqui, a companhia investiu nos últimos dois anos o dobro do aportado em 2019, último ano antes da pandemia, segundo o CEO da Asics na América Latina, Alexandre Fiorati. Um salto para consolidar a companhia na liderança da categoria tênis de corrida no País. “Tivemos crescimento substantivo a partir de 2019, fazendo com que a subsidiária Brasil ganhe relevância dentro do mundo Asics. Estamos investindo cada vez mais na América Latina”, disse Fiorati à DINHEIRO durante o Brand Day da marca, realizado dia 2, no Allianz Parque, em São Paulo.

Tecnologia é um dos motes que serão trabalhados neste ano. A inovação foi ressaltada em um dos principais lançamentos de 2023, o modelo GEL-Nimbus 25, com 20% mais espuma FF Blast comparado com a versão anterior. O tênis foi considerado o mais confortável em um teste cego realizado pelo instituto The Biomechanics Lab, da Austrália. Neste ano serão apresentadas de seis a dez novidades no mercado global, que imediatamente chegam ao Brasil. Anos atrás havia um delay entre a data de lançamentos no exterior e a comercialização no País. “O consumidor está conectado e exige essa dinâmica”, disse Fiorati.

ESTRATÉGIA E TECNOLOGIA CEO na América Latina, Alexandre Fiorati aposta na Asics House para se aproximar do consumidor brasileiro. Acima, o recém-lançado GEL-Nimbus 25. (Crédito:Divulgação)

Os calçados Asics estão disponíveis em grandes redes varejistas de esportes e em 14 lojas próprias espalhadas pelo Brasil, sendo quatro chamadas full price e dez outlets. Na América Latina, há outras quatro unidades: três no Chile e uma na Colômbia, aberta no segundo semestre do ano passado. “Temos a intenção de expandir em 2023 com aberturas de outras lojas no Brasil e na região. Continuaremos essa jornada gradualmente”, afirmou o CEO. A operação brasileira tem ainda equipes de desenvolvimento e qualidade que trabalham junto às fábricas parcerias que produzem os calçados por aqui e estão localizadas principalmente no sul do País. “Brasil é um polo de desenvolvimento regional”, afirmou o executivo. Cerca de 65% dos tênis comercializados aqui são produzidos internamente e os outros 35% são importados das plantas asiáticas da marca.

APROXIMAÇÃO O executivo apontou ainda que os patrocínios a atletas e eventos serão intensificados durante este ano. Atualmente são 18 profissionais do esporte que levam o nome da Asics, mais que o dobro de 2019. São atletas running, triatlo, tênis e ­— novidade neste ano — esporte paralímpicos. Entre os mais renomados está o tenista Marcelo Melo, número 1 do mundo em duplas por 56 semanas (entre 2017 e 2018), campeão de duplas de Roland Garros (2015) e de Wimbledon (2017). Outra aposta da companhia japonesa para se aproximar dos consumidores brasileiros é a Asics House, inaugurada em outubro no Parque Bruno Covas, localizado ao longo da Marginal Pinheiros, em São Paulo. O espaço funciona como um hub para corredores — profissionais e amadores — que oferece serviços de apoio como guarda-volumes, hidratação e personalização de camisetas, além de oferecer experimentação dos principais tênis da marca com consultoria de especialistas. A área também serve a ações de marketing e eventos da empresa.

MERCADO ACIRRADO O Brasil representa aproximadamente 80% da receita da Asics na América Latina. Os itens de running são responsáveis por 75% das vendas no País. A marca possui outras três categorias: core performance sports (produtos de modalidades como tênis, vôlei e handebol); casual; e vestimenta. Em todas as linhas de negócios a companhia japonesa enfrenta outro grandes players globais, como Nike, Adidas e a conterrânea Mizuno. A disputa pelo mercado de calçados esportivos é acirrada e bilionária. Mundialmente movimentou US$ 127,31 bilhões em 2021 e deve crescer para US$ 196,5 bilhões até 2030, segundo a consultoria Facts and Factors. Oportunidades que a Asics corre para alcançar antes dos concorrentes.