13/01/2012 - 21:00
Os primeiros registros da prática de arco e flecha remontam a 3.500 anos antes de Cristo, quando anciões egípcios preparavam os arcos para os jovens guerreiros irem caçar. A atividade requer concentração, frieza e pontaria. São os mesmos atributos que o comando do Banco Central precisa ter na hora de disparar flechas de política monetária em direção à meta de inflação. Em 2011, o tiro quase saiu do alvo. O IPCA foi de 6,50%, no limite da tolerância.
Alexandre Tombini: depois de cravar IPCA de 6,5% em 2011, ele agora
mira o centro da meta.
Para este ano, no entanto, ao menos cinco fatores políticos e econômicos devem ajudar o presidente do BC, Alexandre Tombini, a buscar o centro da meta de inflação, como ele prometeu no ano passado. O primeiro deles é a eleição municipal. “Tarifas públicas, como a de transporte urbano, têm um comportamento mais contido em anos eleitorais”, diz a economista Zeina Latif, de São Paulo. A revisão tarifária da eletricidade e a nova ponderação do IPCA, que dará menor peso aos serviços, vão colaborar com o controle dos preços. O BC, que também conta com o rigor fiscal do governo, será ajudado pelo front externo.
A crise na Europa e a desaceleração chinesa aliviam os preços das commodities. Por tabela, o item alimentação deve ter um ano mais comportado. “Os alimentos vêm subindo demais há um bom tempo, o que estimula a oferta”, diz Heron do Carmo, especialista em inflação. Há sempre, porém, o risco de fatores imponderáveis. Variações climáticas repentinas, por exemplo, podem elevar os preços de produtos agrícolas. O reajuste do salário mínimo, de 14,1%, tende a pressionar o setor de serviços. Seja como for, a próxima flechada será disparada no dia 18, quando os juros devem ser reduzidos.
O Alvo
O regime de metas de inflação foi criado no Brasil em 1999. Desde 2005, o objetivo estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional é de4,5% ao ano, com margem de tolerância de dois pontos percentuais para cima (6,5%) ou para baixo (2,5%). Confira abaixo os erros e acertos dos últimos anos.
O que pode irritar o dragão neste ano…
Problema climático (eleva o preço dos alimentos)
Reajuste de 14,1% do salário mínimo desde 1º de janeiro (pressiona os serviços)
Desemprego baixo (estimula as compras)
Escassez de etanol (inflaciona o preço dos combustíveis)
Desvalorização do câmbio (eleva o preço dos importados)
…e o que pode acalmar o dragão
Ano eleitoral (inibe o reajuste das tarifas públicas)
Desaceleração da China (reduz o preço das commodities)
Nova ponderação do IPCA (diminui o peso dos serviços na inflação)
Revisão de tarifas de energia (reduz os preços administrados)
Política fiscal (superávit primário de 3,1% do PIB esfria a inflação)