26/04/2013 - 21:00
O Google anunciou recentemente o encerramento de um punhado de serviços. Um deles é o popular Google Reader, lançado em 2005, que permite aos internautas receber avisos sobre atualizações de sites e portais. Essa ferramenta é baseada numa tecnologia que não foi desenvolvida pelo Google e que pode ser usada por qualquer empresa chamada Real Simple Sindication (RSS). Com o surgimento das redes sociais, ela havia saído do radar do mercado digital e, aparentemente, também dos usuários, que passaram a acompanhar as notícias por meio de sites como Twitter e Facebook. Contudo, a decisão do Google reacendeu o interesse em torno do RSS.
Tesouro esquecido: o LinkedIn, criado por Reid Hoffman, pagou US$ 90 milhões por uma empresa
que ajuda os usuários a acompanhar o conteúdo de sites
Seu fim gerou protestos na internet e, dez minutos depois do anúncio de seu encerramento, circularam pela rede petições para a empresa mudar de ideia. Não adiantou. Mas, como diz o ditado, enquanto uns choram, outros vendem lenço. Com o caminho livre após a aposentadoria do Reader, algumas empresas correram para mostrar soluções baseadas no RSS. A principal delas foi o LinkedIn, a maior rede social do mundo voltada a profissionais. A ofensiva do LinkedIn foi rápida. A companhia fundada pelo empresário americano Reid Hoffman comprou neste mês, por US$ 90 milhões, o Pulse, um programa ancorado no RSS.
“A estratégia busca reforçar nossa área de conteúdo”, diz Osvaldo Barbosa, diretor-geral do LinkedIn no Brasil. Segundo o diretor de mobilidade da empresa Tomer Cohen, as equipes de desenvolvimento estão trabalhando, agora, em novidades ligadas ao Pulse. “A nova versão de nosso aplicativo já privilegia a descoberta e o acompanhamento de conteúdos”, disse Cohen à DINHEIRO. “Com a adição do Pulse, devemos ter melhorias importantes daqui para a frente.” A investida no LinkedIn em um serviço que auxilia os usuários a organizar suas fontes de informação se dá num segmento que já conta com a participação de uma série de start-ups.
Oportunidade: para Cyril Moutran, do Feedly, o RSS é imbatível
para acompanhar conteúdo de forma profissional
Entre elas está o Feedly, apontado por analistas como o herdeiro do Reader. Quando o encerramento desse serviço foi divulgado, o Feedly apresentou uma ferramenta que, em menos de cinco cliques, importa todo o conteúdo mantido pelo internauta no produto do Google. Resultado: três milhões de novos usuários em duas semanas. “Vamos lançar mais recursos, que serão acessados por meio de assinaturas”, disse à DINHEIRO o fundador da empresa, Cyril Moutran. Para ele, as redes sociais são mais adequadas para consumir conteúdo informalmente. “Na hora de acompanhar fontes de informações de maneira profissional, o RSS é imbatível”, afirma.
O Feedly, no entanto, terá uma concorrência difícil. O Digg, site americano que coloca em destaque conteúdo votado pelos usuários, anunciou que terá uma solução própria de RSS. “Podemos criar um site digno de ser o sucessor do Reader”, disse em seu blog Andrew McLaughlin, CEO do Digg. Mesmo com a reação dos usuários e a corrida de diferentes empresas por esse tipo de serviço, o Google parece intransigente em sua posição. Ganhou força no mercado a ideia de que tirar o Reader de cena seria uma forma de estimular uma migração para sua rede social, o Google Plus, que ainda não deslanchou.
A jogada da empresa se explica pelo fato de que muitos internautas monitoram as atualizações de seus sites preferidos por meio de redes sociais. “O RSS é pura leitura de conteúdo, enquanto as redes sociais são uma via de mão dupla”, diz Gustavo Richter Bacchin, diretor de operações da agência digital Cadastra. Fábio Saad, diretor de mídias digitais da DM9DDB, por sua vez, vê condições para o RSS recuperar mercado. “O que está por trás dessa tecnologia é o conteúdo personalizado, e isso nunca esteve tão em voga como agora”, diz. Se a decisão do Google foi acertada ou não, ainda é cedo para dizer. Fato é que ela contribuiu para chamar os holofotes para uma tecnologia que parecia perdida.