27/10/2022 - 18:20
Oportunidades de empreendedorismo, na maioria das vezes, nascem de boas ideias em tempos difíceis. Mas nem sempre. Em alguns casos, surgem de uma tentativa de contestar um modelo já existente no mercado. Esse foi o caso da Rimini Street, companhia americana fundada por Seth Ravin, que criou seu modelo de negócio em cima da falta de diversidade de suporte e manutenção nos softwares de grandes empresas, como Oracle, JD Edwards e PeopleSoft. “Faltava uma alternativa realmente boa de serviços de TI, com preços competitivos”, disse o CEO à DINHEIRO. No segundo trimestre de 2022, registrou faturamento de US$ 101,2 milhões, 10,5% maior que no mesmo período no ano anterior. Além do bom momento, uma carteira de clientes que conta com nomes como MSD, Hyundai, Riachuelo, Grupo Globo e Telefônica.
Passados sete anos da fundação, Ravin enxerga uma nova oportunidade de expansão: a cibersegurança. “É claramente um dos maiores problemas de negócios globais e afeta os serviços que prestamos.” Segundo dados da Stefanini, desde o começo da pandemia o cibercrime aumentou em pelo menos 300%. Em abril de 2021, o sistema da Google detectou pelo menos 18 milhões de malwares e pishings enviados por e-mail diariamente.
O tema é inerente a qualquer empresa que trabalhe com serviços de TI, ainda mais software. Sob essa ótica, a Rimini lançou a solução Rimini Protect, uma nova suíte de segurança que oferece proteção proativa para ambientes Oracle e SAP. A ferramenta se divide em quatro camadas: para aplicativos e middleware, que protege contra vulnerabilidades conhecidas e desconhecidas antes que os ataques atinjam o alvo pretendido; para banco de dados, que monitora e analisa continuamente a memória compartilhada; para aplicações SAP, que fornece escudos que corrigem vulnerabilidades em velocidade e escala sem afetar as linhas de código; e os serviços de segurança globais que ajudam as organizações a manter uma postura de segurança cibernética completa e reforçada considerando suas circunstâncias específicas. Um pacote de segurança robusto para uma época em que o custo médio de uma violação de dados é de US$ 4,2 milhões.
CONCORRÊNCIA Segundo Ravin, no início, as grandes corporações acreditavam que somente elas poderiam dar suporte para seus softwares proprietários, mas o serviço não era ideal e, pelo monopólio, os preços eram altos. Com base nisso, a Rimini iniciou sua atuação, o que não impediu que as empresas batessem de frente. A empresa foi alvo de processos da Oracle, em batalha de mais de 12 anos sobre direitos autorais, alegando ser um modelo de negócio ilegal. No fim, a justiça determinou que a companhia de Ravin infringiu 93 direitos autorais diferentes e, até 2019, já havia pago US$ 90 milhões para a Oracle.
Por outro lado, pensando no serviço em si, em 2020 a Rimini reduziu o tempo de resolução de problemas de software em 23% e diminuiu os tempos de resposta para casos críticos (prioridade 1)de 15 minutos para 10 minutos. E para casos graves (prioridade 2) de 30 minutos para 15 minutos. O balanço de 2022 aponta ainda o encerramento de 9,4 mil casos de suporte e a entrega de 9,8 mil atualizações fiscais, jurídicas e regulatórias para empresas de 30 países. “Há espaço para criarmos um ambiente competitivo nesse negócio”, disse Ravin.
Por mais que os entraves jurídicos tenham efeito até certo ponto, a empresa não deixou de crescer nos últimos anos, tanto nas finanças como em estrutura. O número de clientes ativos aumentou de 2020 para 2021 em 9,8% e chegou a 2.905. Já o corpo de funcionários cresceu em 17,9%, atingindo 1.834 colaboradores em junho. Para o CEO, o sucesso vem da forma como abordam o próprio serviço. “Toda solução de negócio deve solucionar um problema real e muitas empresas não pensam nisso.” A Rimini levou cinco anos para ter um produto ideal e uma estrutura abrangente. “Não adianta só ter uma ideia boa, você precisa de uma organização.” Seja para gerir seu próprio negócio ou fazer o suporte de softwares de outras companhias.