A aventura lusitana da família Symington, de origem escocesa, teve origem no século 19 com o comércio de vinho do Porto — e vem se perpetuado de geração em geração com a força de um império. Hoje, os irmãos Paul e Dominic e seus primos John, Rupert e Charles são donos de mais de 1 mil hectares de vinhedos em 27 propriedades na região do Douro, onde produzem verdadeiras obras de arte engarrafadas. Para citar apenas um rótulo de destaque, o Chryseia, elaborado com as castas Touriga Nacional e Touriga Franca pela vinícola Prats & Symington, foi eleito o terceiro melhor tinto do mundo em 2011 pela Wine Spectator. Líder no segmento de vinho do Porto premium com a marca Graham’s, a família está longe de se acomodar em seu reinado — e abre caminhos para seguir expandindo seus domínios.

Em 2017, com a compra da Quinta da Fonte, localizada na subregião de Portalegre, norte do Alentejo, os Symington deram um passo importante para a diversificação, complementando seu portfólio já amplo com novas linhas de brancos (caso do excelente Florão 2019, com as castas Arinto e Verdelho), tintos elegantes e, em breve, um rosé.

TRADIÇÃO E INOVAÇÃO Dominic Symington (na foto maior) e dois vinhos que ele apresentou no Brasil: o Quinta do Souto Florão Branco 2019 (R$ 220,54) e o Post-Scriptum da mesma safra (R$ 436, 11), segundo rótulo da adega P+S, berço do premiado Chryseia (Crédito:Divulgação)

Segundo Dominic Symington, que esteve no Brasil semana passada para celebrar três décadas de parceria com a Mistral Importadora, o terroir de Portalegre, na divisa com a Espanha, se destaca por ter um clima mais ameno em relação à média alentejana. Com isso, vem atraindo produtores consagrados em outras regiões de Portugal. Uma das razões é o aquecimento global. No último verão, os termômetros chegaram a 48o C por lá. “O tema da mudança climática é assustador para os produtores de vinho e terá impactos significativos no cultivo de uvas”, afirmou Symington.

A outra motivação para o interesse da família na propriedade diz respeito à extração de cortiça. Souto, em Portugal, é o nome dado a uma plantação de castanhas. A quinta adquirida em 2017 é rica tanto nesse tipo de planta quanto em sobreiro, variedade de carvalho que fornece a melhor matéria-prima para a confecção de rolhas. “Até 2035 seremos autossuficientes na produção de cortiça”, disse o produtor.

ENERGIA O maior investimento do grupo, contudo, está na construção de uma nova vinícola no Douro, berço de seus grandes vinhos. “Ainda não tínhamos uma adega desenhada desde a origem para brancos e tintos, apenas para vinho do Porto”, disse Symington. “Estamos investindo 12 milhões de euros nessa unidade, que será pioneira na autogeração de energia.”

O compromisso com a sustentabilidade faz parte do legado que a geração de Dominic está deixando para seus filhos e sobrinhos. Mais que vinhos, essa dinastia faz história ao aliar tradição e inovação.