28/03/2014 - 21:00
Que a indústria do futebol é um negócio cada vez mais lucrativo em todo o mundo, muita gente já sabe. A grande novidade do chamado esporte bretão é que nunca gerou tanto dinheiro como agora, para a Fifa, a entidade que controla com mão de ferro a modalidade mais praticada no planeta. No ano passado, antes mesmo que a bola começasse a rolar nos estádios que sediarão a Copa do Mundo no Brasil, no dia 12 de junho, a federação comandada pelo suíço Joseph Blatter registrou um recorde histórico de faturamento, que chegou a US$ 1,38 bilhão. Dessa dinheirama, US$ 1,2 bilhão é proveniente de receitas geradas com a Copa, como direito de uso de imagem e cotas de patrocínios.
Muito mais: a expectativa dos analistas é de que a Fifa fature, ao todo,
US$ 5 bilhões com o evento, que começa dia 12 de junho no Brasil
Trata-se do maior valor já obtido pela Fifa no período de um ano. O recorde anterior bateu na casa de US$ 1,29 bilhão, obtido no ano de 2012, quando a Copa foi realizada na África do Sul. Parte do sucesso da Fifa se explica pela antecipação das negociações dos direitos de transmissão do evento. O diálogo com as emissoras de tevê começaram muito antes de o Brasil ser escolhido o país-sede para o campeonato. Com isso, a Fifa levantou US$ 601 milhões junto às empresas de comunicação apenas em 2013. Em patrocínios, empresas brasileiras e estrangeiras pagaram US$ 404 milhões para terem suas marcas no megaevento esportivo.
Produtos Fifa: contratos com TVs, patrocinadores e fabricantes
de artigos licenciados engordam os resultados
A expectativa é de que, turbinada pela Copa, a Fifa chegue ao final de 2014 apresentando um faturamento de US$ 5 bilhões ao longo dos últimos quatro anos. Isso representa um avanço de 39% sobre os US$ 3,6 bilhões de receitas produzidas, entre 2007 e 2010, originadas pela Copa no continente africano, e mais do que o dobro do saldo deixado pela Copa da Alemanha, de 2006. Lucros maiores, despesas idem. De acordo com o relatório financeiro da Fifa, o chamado “custo Brasil” pode engolir boa parte desse faturamento. “O custo da Copa no Brasil ainda não está claro”, afirmou Blatter, durante a divulgação dos resultados, na sede da Fifa, em Zurique, na Suíça, na segunda quinzena de março. “Mesmo assim, melhoramos nossas reservas”.
Dúvidas: Blatter afirma que os custos para a realização
do megaevento no País ainda não estão claros
Atualmente, segundo o balanço, a Fifa tem em caixa US$ 1,43 bilhão. Para o diretor-executivo da agência de marketing esportivo Hello Sports, Davi Bertoncello, os números expostos por Blatter deixam claro que há uma grande influência do Brasil na receita. “O Brasil é o país do futebol e todo o mundo quer ver como vai ser a Copa aqui”, diz. No entanto, o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, minimizou o peso do Brasil no sucesso do evento. “Não há relação entre os ganhos e o país onde a Copa é realizada, mas ao valor do Mundial”, afirmou. “Ganharemos mais dinheiro na Rússia, em 2018, e depois no Catar, em 2022.” Pode até ser verdade, mas é fato que a Fifa recebeu um apoio significativo do governo brasileiro.
Desde de 2011, a organizadora do mundial foi isentada do pagamento de impostos no País, uma renúncia fiscal que pode chegar a R$ 1 bilhão. Na avaliação do coordenador do MBA em marketing esportivo da Trevisan Escola de Negócios, Thiago Scuro, enquanto houver público interessado no mundial, os cofres da Fifa continuarão abarrotados de dinheiro. “Consumidores. É isso que atrai os patrocinadores”, diz Scuro. Para ele, ainda há espaço para estender a fonte de ganhos. “Eles ainda não entraram na era dos aplicativos e da interatividade”, afirma. Interativa ou não, o certo é que a Copa do Mundo no Brasil já é a campeã nos cofres da Fifa. Para a alegria de Blatter, Valcke e companhia.